Cunha Couto

Gestor de Crises

Uma tensão global

CCBlog-159

Desde o início, havia a preocupação de que o conflito entre Hamas e Israel não se alastrasse pelo Oriente Médio, mas isso aconteceu. Por essa razão, vários governos realizaram tratativas diplomáticas para conter um possível contra-ataque iraniano pelo ataque de Israel ao consulado iraniano em Damasco. No entanto, ficou claro que essa não era uma opção.

O Irã respondeu militarmente a Israel, atacando pela primeira vez desde seu território, com uma combinação de 156 mísseis e 185 drones lançados contra alvos militares israelenses. Apenas uma base de Israel foi atingida por sete deles.

Especialistas qualificaram esse ataque como ineficaz, uma vez que quase todos os drones e mísseis foram derrubados pelo Domo de Ferro e pela Força Aérea israelense, além de sistemas antimísseis a bordo de navios das Marinhas norte-americana e britânica, interceptando mísseis que cruzavam sobre a Jordânia.

Após esse ataque, o Irã declarou que considerava a situação uma “questão encerrada.” No entanto, Israel não viu a situação dessa forma, elevando o risco de nova escalada.

Na verdade, Israel e Irã vêm distorcendo o direito de defesa para justificar suas retaliações.

Com tantos atores sendo chamados a se envolver nesse episódio, a comunidade internacional solicitou a convocação de uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU.

Abalado em sua credibilidade diante da incapacidade de encerrar a guerra em Gaza, o Conselho de Segurança da ONU enfrenta uma crise, e essa nova guerra representa um desafio ainda maior para a entidade.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, iniciou o Conselho de Segurança alertando que o Oriente Médio “está à beira do abismo.” A reunião foi marcada por troca de acusações, mas serviu para revelar a existência de uma tensão global e um racha entre as potências: os Estados Unidos condenaram os ataques e Israel pediu que a ONU aplicasse sanções contra o Irã; o representante iraniano afirmou que o país agiu de forma legítima ao atacar apenas alvos militares; russos, árabes e chineses apoiaram o Irã.

O encontro terminou sem uma declaração final, sem um acordo para condenar o Irã e sem novas sanções.

Assim, as tensões entre Israel e Irã se tornaram imprevisíveis.

Há uma nova realidade no tabuleiro geopolítico do Oriente Médio, onde, pela primeira vez, o Irã adotou uma ofensiva direta contra Israel de seu território, em vez de recorrer aos parceiros do “eixo de resistência” (Hamas, Hezbollah e Houthis).

Internacionalmente, a situação é observada com grande preocupação. As potências globais e o G7 estão apelando por moderação e cautela, pressionando por abordagens diplomáticas para evitar uma guerra aberta e generalizada.

Além disso, existe preocupação com uma possível escalada nuclear entre Irã e Israel.

Tudo começou em 1979, como bem nos lembra o colunista Walter Maierovicth, com a queda do xá Reza Pahlevi e a ascensão ao poder, pela chamada Revolução Islâmica, do aiatolá Khomeini. A Pérsia se transformou em Irã e se tornou um estado teocrático de matriz xiita. Khomeini começou a chamar Israel de “Pequeno Satã” e os Estados Unidos de “Grande Satã.”

Para o Brasil, há uma primeira lição para nossa Defesa: não podemos prescindir de drones, mísseis, sistemas antidrones e antimísseis.

Facebook
Twitter
LinkedIn
Pinterest

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *