Cunha Couto

Gestor de Crises

Contra a crise de polarização, recorramos à amizade.

CCBlog 146

Num mundo marcado pela polarização, seja ideológica, seja política, é urgente que atuemos em suas causas e, para isso, busquemos promover uma sociedade pacífica, o que passa pelo respeito e pela confiança mútuos.

Neste início de Quaresma, Dom Odilo Scherer segue nessa direção ao nos apresentar a Campanha da Fraternidade 2024, com o tema “Fraternidade e Amizade Social” e o lema “Vós sois todos irmãos e irmãs”. Promover a fraternidade em toda a sociedade é um objetivo ambicioso, mas é o caminho para superar tantos conflitos, inclusive familiares, que surgem das polarizações que estamos vivenciando, ampliadas pelo uso de desinformações nas redes sociais.

Dom Odilo, em seu artigo, menciona vários filósofos clássicos para os quais a amizade é vista como um fator de bom convívio e de integração harmoniosa das comunidades humanas. Na outra ponta, “o homem é o lobo do homem” (Thomas Hobbes) resume bem o quanto o conflito de eliminar um ao outro destrói o convívio social.

Para se opor a toda essa polarização que todos estamos vivenciando, o Papa Francisco nos propõe a fraternidade humana: “todos somos irmãos, unidos pela mesma origem, independentemente de raça, religião, cultura ou condição social”.

Em sua encíclica Fratelli Tutti, Francisco nos ensina que a amizade social, vocação natural dos seres humanos, nos permite reconhecer, valorizar e amar todas as pessoas; é o desejo de abraçar a todos; é valer-se do amor para superar o isolamento e as separações.

Para concretizar essa proposta, o Papa Francisco, em vez do jejum de carne na Quaresma, nos sugere algumas ações simples: cumprimentemos com alegria, sempre e em todo lugar; lembremos aos outros o quanto os amamos; ouçamos o que o outro tem a dizer, sem julgamentos, com amor; estejamos atentos a quem precisa de nós; comemoremos as qualidades e os êxitos do outro; corrijamos com amor, e não nos calemos por medo; ajudemos os outros a superar obstáculos. E conclui, nos incentivando a jejuarmos de palavras ofensivas e a transmitirmos palavras gentis; a jejuarmos da ira e a nos enchermos de mansidão e paciência; a jejuarmos do pessimismo e a nos enchermos de esperança e otimismo; a jejuarmos de queixas e a nos enchermos das coisas simples da vida; a jejuarmos das tristezas e amarguras e a nos enchermos de alegria no coração; a jejuarmos do egoísmo e a nos enchermos de compaixão pelos demais; a jejuarmos das palavras e a nos enchermos de silêncio e de escuta aos outros.

Não é simples, mas assim agindo, nosso cotidiano se encherá de paz, de alegria e de vida. Grande sabedoria essa do Papa Francisco!

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