O que as eleições nos EUA nos ensinam sobre planejamento estratégico e gerenciamento de crises?
Baseado nas muitas análises publicadas após a recente vitória de Trump, visualizamos lições que podem ser aplicadas também às organizações, em suas estratégias ou crises.
Assim como em uma campanha eleitoral, organizações precisam definir objetivos estratégicos; mobilizar recursos; adaptar-se rapidamente às mudanças do ambiente; comunicar-se com diferentes segmentos de público; e gerenciar crises.
Em outras palavras, precisam definir o que se deseja empreender; criar cenários; identificar oportunidades; dispor de informação precisa ao nível do decisor e adotar estratégias flexíveis.
Nas eleições americanas, sistema em que o presidente não é definido pelo voto popular, mas pela soma de 270 votos no Colégio Eleitoral, cada campanha precisa identificar quais estados oferecem as melhores chances de alcançar essa meta.
Assim como uma campanha eleitoral não precisa vencer em todos os estados, uma empresa não precisa dominar todos os segmentos de mercado, mas sim identificar quais oferecem maior retorno estratégico.
Para tanto, as campanhas mapeiam possíveis vitórias em estados-chave, construindo cenários que orientam a alocação de tempo, recursos e mensagens, buscando que o cenário positivo se realize e o negativo não. Essa abordagem é semelhante à identificação de fatores críticos para o sucesso, prática comum em negócios e na gestão de crises.
A percepção do que o cliente deseja é outra lição compartilhada por organizações e eleições. Para o cliente-eleitor, Trump focou no descontentamento da classe trabalhadora; Kamala se concentrou na questão do voto feminino e no aborto.
Além disso, como no gerenciamento de crises, a boa comunicação é fundamental, com mensagens adequadas a cada segmento, como ocorre com clientes ou atores em situações críticas.
Também semelhante ao gerenciamento de crises é a importância de direcionar esforços para os objetivos mais próximos de serem alcançados. O tempo exerce pressão significativa, e mobilizar bases já existentes é uma aposta mais segura e eficiente, devido ao menor custo de mobilização e à identificação prévia com a mensagem do partido.
Assim como na política, onde garantir votos previsíveis pode ser mais eficaz do que tentar converter indecisos, no mundo corporativo é essencial maximizar as oportunidades. Negócios que priorizam a retenção de clientes fiéis constroem uma base sólida para o crescimento, navegando em mercados competitivos com menos riscos.
Eleições são momentos em que mudanças estratégicas podem se mostrar necessárias e decisivas. Da mesma forma, empresas e governos enfrentam situações em que precisam adaptar suas estratégias para sobreviver, ajustando-se a fatores inesperados, como a pandemia de COVID-19, que alterou a economia e o comportamento de voto em crises sociais e políticas.
A importância de dispor de informações é outro ponto fundamental. Nas eleições, há grande volume de pesquisas, estatísticas e análises sobre o comportamento do eleitorado, incluindo variáveis econômicas e demográficas. O mesmo ocorre em empresas e na gestão de crises.
Portanto, em um cenário cada vez mais complexo e competitivo, tanto em eleições quanto em negócios e na gestão de crises, o sucesso depende de estratégias e de decisões baseadas em informações precisas.
Enfim, tanto candidatos quanto empresas ou governos lidam com incertezas, e lidar com elas exige entender o contexto, alocar recursos de maneira eficaz e adaptar-se às mudanças ao longo do caminho. A lição central é que o verdadeiro diferencial está na capacidade de interpretar cenários e agir com precisão.
Assim como nas eleições americanas, o segredo não está em ganhar tudo, mas em garantir as vitórias que realmente importam.