Cunha Couto

Gestor de Crises

Vinícius Jr e o racismo: crises estruturadas exigem soluções estruturantes

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Quando as suas causas não são resolvidas, as crises vão-se repetindo e ficando mais complexas.

Esta foi, desde 2021, a 10ª manifestação racista de torcedores contra o nosso Vini Jr, jogador brasileiro, preto, nascido em comunidade do Rio de Janeiro, mas destaque do Real Madrid e um dos dez melhores jogadores do mundo na atualidade.

Nesse caso, ainda mais intenso, a causa da crise é o racismo, bastante estruturado em algumas coletividades e mesmo sociedades, e que tem consequência que não é resolvida por simples comunicados ou algumas prisões (sim, por ser crime). 

Há que se investir contraarraigados hábitos de comportamento coletivo, com imposição de forte mudança cultural e de educação antirracista.

À medida que Vini foi se destacando, por ser bom de bola, foram crescendo as manifestações racistas por espanhóis em quase todas as partidas. Só agora, após a postura firme e corajosa de nosso jogador e da grande repercussão internacional é que o governo e algumas entidades esportivas espanholas tomaram alguma atitude contra os maus torcedores.

Talvez tenham sido reações a uma previsível e justificada saída de Vinicius Jr da Espanha. Muito se ouviu falar que o futebol espanhol precisa mais do Vini do que ele da Espanha, pois, hoje, nosso jogador poderia atuar em qualquer outro clube europeu, podendo escolher dentre os que estão em países que aplicam regras mais duras contra os racistas.

De positivo nesse episódio, foi muito importante a reação dos periódicos esportivos em muitos países, que cunharam frases que nos fazem refletir, como são exemplos: “não é suficiente não ser racista; deve-se ser antirracista” e “imagine a dor; adivinhe a cor”.

Também positivas foram as muitas manifestações de solidariedade a Vini, algumas emocionantes como o apagar das luzes do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, tornando-o “preto e imponente”!

Portanto, o racismo, o ódio e a xenofobia não deveriam ter lugar no futebol e nem em sociedade alguma.

Como toda crise, essa do racismo no futebol também tem custo, especialmente de imagem e de reputação, que deve ser creditado a todas as entidades esportivas envolvidas, omissas e incapazes de coibir manifestações racistas no futebol: FIFA, Federação Espanhola de Futebol, La Liga, Clube Valência. Mas não só!…

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