Cunha Couto

Gestor de Crises

“Quintal” dos EUA?

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Em poucos meses no governo, Donald Trump lançou uma verdadeira ofensiva para redesenhar a América Latina e frear o avanço da China na região.

Na verdade, boa parte da América Latina tornou-se aliada comercial da China nos últimos dez anos.

Mas, a cada nova declaração e ação, Trump, como presidente dos EUA, vem revelando suas ideias em relação à América Latina.

Tudo começou com o “Golfo da América”. Em uma entrevista coletiva, ainda como candidato, Trump disse que pretendia renomear o Golfo do México como “Golfo da América”, ou seja, rebatizar uma região cujo nome é usado há mais de 300 anos. Internamente, foi bem-sucedido, pois o Google adotou esse nome para uso interno nos EUA.

Depois, veio a ideia de retomar o Canal do Panamá, devido a um suposto tratamento “desigual” que navios americanos estariam recebendo. Vale lembrar que o fim da administração do canal pelos EUA ocorreu em 1999, quando os chineses, por meio de uma empresa de Hong Kong, venceram a licitação internacional para operar os acessos ao canal pelos dois oceanos: Pacífico e Atlântico.

Já Guatemala e El Salvador passaram a servir como locais de detenção de pessoas enviadas pelos EUA.

Argentina, Paraguai e Costa Rica estão alinhados com os EUA na tentativa de conter a influência da China na América Latina.

Outros países também estão sendo abordados para romper compromissos com a China, em visitas conduzidas pelo secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, filho de imigrantes cubanos.

Ainda com foco na China, e em escalada contra o governo venezuelano, Trump anunciou que qualquer país que comprar petróleo ou gás da Venezuela será alvo de uma tarifa de 25% sobre o comércio com os Estados Unidos. Essa tarifa, que funciona na prática como uma sanção energética, mira sobretudo a China, uma das maiores compradoras do petróleo venezuelano.

Essa reação de Trump ocorreu após a Chevron — única petroleira dos EUA ainda autorizada a atuar na Venezuela — ser pressionada a encerrar suas atividades na região.

Além disso, Trump propôs um acordo de defesa com a Guiana para protegê-la da Venezuela, no contexto da disputa pela região de Essequibo.

Será que Trump conseguirá efetivar um verdadeiro efeito dominó entre os países latino-americanos contra a influência da China?

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