Cunha Couto

Gestor de Crises

Proteção do Fundo do Mar

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O oceano, ao contrário do senso comum, não é terra de ninguém.
Na abertura da Conferência dos Oceanos da ONU, realizada em Nice, o secretário-geral António Guterres lançou um alerta que ressoa como um grito de socorro: não podemos permitir que o fundo do mar se transforme em um “faroeste”. A metáfora é precisa e perturbadora.
Ela remete a um cenário sem lei, onde a ganância substitui a responsabilidade, e a exploração predatória ignora os limites da ética e da ciência.

A meta: proteger 30% até 2030

A proposta discutida no encontro — proteger 30% da área dos oceanos até 2030 — revela o quanto ainda estamos atrasados na preservação marinha. Hoje, apenas 8,4% dessa vasta superfície azul encontra-se protegida. E, diante da aceleração das mudanças climáticas e do colapso da biodiversidade, esse número é quase simbólico.

O fundo do mar não está à venda

Mais de 60 líderes globais participaram da conferência, com destaque para discursos como o do presidente francês Emmanuel Macron: “O fundo do mar não está à venda”. A frase é uma crítica evidente à postura do presidente americano Donald Trump, que, além de tentar autorizar a mineração em águas profundas, já manifestou interesse em anexar territórios estratégicos como a Groenlândia.

A ausência dos EUA e o silêncio constrangedor

A ausência dos Estados Unidos, uma potência oceânica e econômica, no encontro foi sentida — e criticada. O silêncio de Washington em um tema de tamanha importância é, no mínimo, constrangedor. Em vez de liderar o esforço pela proteção dos bens comuns do planeta, parte da política americana recente tem se esforçado para abri-los à exploração desenfreada.

Um apelo por civilização

É importante que a Conferência dos Oceanos seja entendida, antes de tudo, como um apelo por civilização. Em vez de exploradores em busca de lucro fácil, o mundo precisa de guardiões conscientes, dispostos a proteger aquilo que é essencial à vida. O fundo do mar não pode ser o novo eldorado do extrativismo.

O mar exige responsabilidade

Tampouco o oceano pode continuar sendo tratado como território sem dono. O planeta está nos cobrando responsabilidade — e o mar, com sua vastidão silenciosa, também.

Conclusão: o mar não pode esperar

Portanto, o mar, que sustenta a vida no planeta e regula o clima global, não pode continuar à mercê de interesses econômicos imediatistas.

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