Cunha Couto

Gestor de Crises

Os riscos numa crise: o caso dos 2 mísseis sobre a Polônia

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A notícia correu o mundo: “mísseis russos atingem a Polônia e matam duas pessoas”.

Imediatamente, a Rússia, formalmente, nega esse ataque e a dúvida se instala.

Os analistas internacionais começam a divulgar em seus tweets suas opiniões: “são restos de mísseis antiaéreos ucranianos que caíram acidentalmente em solo polonês”; “não faz sentido algum do ponto de vista estratégico a Rússia atacar a Polônia”; “Rússia precisa do apoio europeu para que forcem Zelensky a negociar a paz, logo”; “o ataque se assemelha à sabotagem havida no gasoduto russo”.

Nesse contexto de dúvidas, achei elogiável o cuidado do Governo dos EUA sobre a notícia e os seus desdobramentos.

Isso porque nos fez pensar qual seria a lógica por trás de um ataque desses?

A Rússia vinha se opondo a uma Ucrânia já apoiada pela OTAN. Se não fosse o apoio ocidental (OTAN, especialmente os EUA), com apoio de recursos e armas, a Rússia, pela comparação de poderes, já teria vencido o conflito.

Por que colocar em risco a invocação do Artigo 4º (que é consultivo e dá espaço para gestão da crise, pela obrigatoriedade de um consenso) ou, pior, do 5º (defesa coletiva) do Tratado da OTAN?

Realmente, foi sendo criado o consenso de que não faria sentido a Rússia atacar a Polônia. Para quê? Evidência disso, os últimos ataques russos visaram Kiev, tão distante da Polônia a ponto que um erro de controle de navegação de um míssil, ou sob interferência eletrônica, esse míssil não poderia se dirigir e alcançar aquele país.

E havia outro fato: a Ucrânia também possui o S-300, que é um míssil antiaéreo e que poderia ter sido lançado contra um míssil russo.

E, agora, temos a declaração da OTAN ( e dos EUA) de que míssil ucraniano atingiu a Polônia…

Todo esse episódio nos faz concluir que, desde o início, o ataque à Polônia era um risco que a Rússia jamais iria correr.

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