Construído no final dos anos 50 pela França, esse navio de 266 metros de comprimento, então chamado “Foch”, foi comprado pela Marinha do Brasil em 2000, passando a ser o “São Paulo” até 2020, quando foi descomissionado. Iniciou-se aí uma outra história.
Em 2021, o ex-“São Paulo” foi vendido ao estaleiro turco Sök Denizcilik Tic Sti, certificado pela União Europeia para reciclagem de navios. Em agosto, rebocado, começou a sua navegação rumo à Turquia para desmonte, mas teve sua atracação rejeitada.
Com riscos crescentes e deteriorando sua flutuabilidade, voltou a reboque para o Brasil, onde chegou em outubro com avarias e não conformidades, sendo impedido de atracar em seus portos.
Foram, ao todo, 72 dias de navegação que deterioraram ainda mais as condições de seu casco.
Havia suspeitas de ainda ter a bordo material tóxico, como o amianto, utilizado à época de sua construção e proibido no Brasil a partir de 2017. Isso provocou alertas internacionais e ações civis públicas no Brasil.
Assim, após três meses na costa pernambucana, o ex-navio aeródromo foi obrigado pela Marinha do Brasil a ser afastado para área de maior profundidade, para evitar seu encalhe ou afundamento espontâneo.
Em nota conjunta, o governo brasileiro declarou que “diante dos fatos e do crescente risco (…) e da inevitabilidade de afundamento espontâneo/não controlado, não é possível outra conduta que não o alijamento do casco, por meio de afundamento planejado e controlado”.
Tal aconteceu, por fim, por determinação da Justiça Federal de Pernambuco, em área a 350 KM da costa brasileira com profundidade aproximada de 5000 metros, no dia 03 de fevereiro. Foi um adeus a um guerreiro dos mares.