Cunha Couto

Gestor de Crises

O papel das desinformações nas crises

CCBlog 126

Há semanas, noticiado pelo jornal Washington Post, quando incêndios florestais varreram o estado norte-americano do Havaí, muitas postagens chinesas pela Internet espalharam que o desastre não fora natural, mas resultado de uma “arma climática” secreta em teste pelos Estados Unidos.

Para dar falsa autenticidade, essas postagens apresentavam imagens fakes, geradas por Inteligência Artificial.

A China teria se valido dessas desinformações para semear discórdia nos EUA.

Antes, nas eleições presidenciais de 2016 e de 2020, nos EUA, consta que a Rússia operou campanhas de desinformação, influenciando o comportamento dos eleitores norte-americanos.

Também esse mau uso da informação é o que mais se tem acompanhado desde o início do atual conflito Ucrânia-Rússia, com divulgação de inúmeras inverdades, de parte a parte.

Esses três exemplos podem ser vistos como operações de influência na política de outros países, algo como o que se está chamando de Guerra Informacional (conceito ainda não consolidado), em que as redes sociais são ferramentas para atingir públicos-alvo com suas narrativas falsas e, com isso, atingir seus objetivos.

Exemplo de desinformação no Brasil

Se sairmos do âmbito internacional e focarmos em nosso país, temos ainda vivas as fortes imagens do vandalismo nas sedes dos três Poderes, em Brasília, por uma multidão motivada por uma desinformação: fraude eleitoral por falhas, que são inexistentes, nas urnas eletrônicas.

Essa desinformação foi propagada pelas redes sociais e tornada crível por parte da população.

Em nível pessoal, a desinformação é também uma grande ameaça. Somos bombardeados por propagandas, cada vez mais sofisticadas, assertivas, apoiadas em dados da Inteligência Artificial, e rápida e numerosamente disseminadas, com nossos sonhos em seus conteúdos e muitas vezes com desinformações.

Aliás, é urgente que influenciadores assumam sua parcela de responsabilidade sobre o conteúdo produzido.

Por outro lado, não há dúvidas de que a rede social é ótima solução tecnológica para rede de contatos, mas onde também se observa o mau emprego da informação, como assédios às mulheres e destruição de reputações.

Diante disso tudo, é claro que algo precisa ser feito.

Em médio e longo prazos, a solução terá que passar pelas escolas, na formação das futuras gerações. É na Educação que o tema precisa ser discutido, inclusive com o aprendizado de identificar a desinformação e as adulterações de conteúdos.

As desinformações, portanto, são, hoje, grandes dificultadoras das concretizações de soluções às crises, pois estas se baseiam na credibilidade das propostas e dos comportamentos dos atores, todos, agora, imersos num mundo virtual que facilita a divulgação de falsas narrativas.

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