Cunha Couto

Gestor de Crises

Liderança em tempos de crise

CCBlog298

Liderar durante uma crise é uma experiência que exige mais do que conhecimento técnico — requer discernimento, empatia e coragem.

Foi essa a vivência adquirida ao longo de 13 anos à frente da equipe do Gabinete de Crises da Presidência da República. Em cada novo desafio, emergia um líder da equipe, alguém capaz de enfrentar ameaças e identificar oportunidades, sempre com lucidez diante de situações de alta complexidade.

As crises impõem um tipo de gestão que exige do líder a capacidade de enxergar além do caos imediato — de perceber, com nitidez, não só a realidade presente, mas também o que se desenha no horizonte.

É preciso compreender as causas profundas, prever as consequências e, a partir dessa visão, buscar soluções sustentáveis.

Para isso, são indispensáveis uma comunicação clara e contínua, mobilização constante, disposição para o diálogo e capacidade de adaptação às intercorrências. Mas nenhuma dessas qualidades é suficiente se o líder não estiver cercado por uma equipe que complemente suas habilidades com talento, sensibilidade e espírito colaborativo. Mesmo com os avanços da inteligência artificial, há aspectos que ela ainda não substitui: a intuição, a criatividade e a sensibilidade humana.

Liderar em meio à crise significa manter a serenidade, agir com responsabilidade e escutar com atenção. Um líder eficaz reconhece limitações sem se deixar paralisar por elas. Ele oferece direção, mesmo quando o caminho ainda está obscurecido pela névoa da incerteza.

A verdadeira liderança se revela na capacidade de tomar decisões difíceis com rapidez e coerência, sem jamais perder de vista a justiça e a humanidade. Um bom líder não se isola, tampouco transfere o peso da responsabilidade — ele compartilha os desafios, fortalece os vínculos de confiança e inspira pelo exemplo. Em momentos críticos, a liderança transcende o cargo e se transforma em influência positiva e transformadora.

Ao fim, o valor da liderança em uma crise não se mede apenas pelos resultados alcançados, mas pela forma como o líder guiou sua equipe: com integridade, resiliência e propósito. Assim, forma-se um grupo mais consciente, coeso e preparado para os desafios futuros — não apenas tecnicamente, mas também em termos de valores. A crise, por mais difícil que seja, torna-se então uma oportunidade real de crescimento coletivo e transformação duradoura.

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