Neste início de julho, por sucessivos dias, foram batidos recordes da temperatura da Terra. Sim, nosso planeta chegou acima de 17ºC.
Antes, o ano mais quente havia sido 2016 (com 16,92ºC), justamente quando, então, se observou a maior intensidade do El Niño.
Embora estudos ainda não comprovem claramente, parece haver relação entre esse fenômeno natural El Niño (ainda não de todo compreendido como surge) de aquecimento das águas superficiais do oceano Pacífico, em grande extensão (entre a costa da Austrália até a do Peru), e uma tendência de agravamento do aquecimento global, este, em boa parte, devido a atividades humanas.
Até a Antártida, o continente gelado, sofre com essas temperaturas anormais e, como também ocorre nos mares Árticos, a extensão do gelo marinho foi a menor desde 1979, quando se iniciou sua medição.
Neste 2023, a temperatura do Pacífico voltou a subir, após três anos de resfriamento com o fenômeno oposto: La Niña.
No curto prazo, com esse aquecimento, segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM), teremos repercussões negativas no meio ambiente, nas águas e na segurança alimentar.
Exemplo concreto, o El Niño já atrasou a ocorrência de monções na Índia e no Sudeste Asiático, projetando redução na produção de arroz nessa região, o que se torna ainda mais crítico pelo aumento do preço.
Há que se considerar, ainda, os alertas da Organização Mundial da Saúde (OMS) para a saúde das pessoas com a previsão de disseminação de doenças virais, como dengue, zika e febre chikungunya.
A longo prazo, confirmando-se essa influência do El Niño no aquecimento global com expectativa de se bater 1,5ºC acima da média pré-industrial, haverá, segundo estimativas do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climática (IPCC), exposição de significativa parte da população da Terra a fortes ondas de calor, elevação do nível do mar e até desaparecimento de insetos, plantas e vertebrados. Serão mudanças e transformações importantes.
Aqui no Brasil, o El Niño deverá aumentar as temperaturas e provocar estiagens na Amazônia e no Nordeste do país, bem como excesso de chuvas na região Sul, com ciclones já presenciados em sua costa. Segundo meteorologistas, o Brasil vai sentir mais notadamente a influência do fenômeno nos próximos meses, não estando descartados novos ciclones extratropicais, como o que atingiu as regiões Sul e Sudeste nesta semana e levou o Instituto Nacional de Meteorologia a decretar alerta vermelho para alguns estados.
Eis as consequências para as crises que os governos terão que enfrentar.
