Cunha Couto

Gestor de Crises

A proposta do Clube da Paz frente a conflitos seria eficaz?

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Em recente artigo, Afonso Grisi Neto, cientista e procurador  aposentado, demonstrou a relevância das Relações Exteriores para o Brasil, inclusive pelo destaque que o tema vem ganhando na imprensa brasileira, e de seu meio de execução, a Diplomacia, refletindo acerca do modo como a atividade diplomática vem sendo conduzida pelos governos.

Para esse autor, as Relações Exteriores e a Diplomacia sempre contribuíram para moldar a história e a identidade de nossa nação, desempenhando papel decisivo em momentos políticos cruciais para a afirmação dos valores e interesses do povo brasileiro tais como a independência, o fim do tráfico de escravos, a definição de nossas fronteiras, a industrialização e o desenvolvimento econômico.

Efetivamente, a política externa brasileira foi ganhando projeção mundial, alcançando maiores autonomia e inserção internacional, que se traduziu na ampliação e diversificação das relações do Estado brasileiro com os EUA, Europa, Ásia, África e América Latina.

Embora o cenário internacional tenha passado por alterações desde a implantação do pragmatismo responsável da década de 1970, a diplomacia brasileira ainda adota no exercício da política externa certo pragmatismo que mantém a estratégia de inserção do país no sistema internacional, tendo como seus fundamentos os princípios da submissão ao Direito Internacional, da não-intervenção e não-ingerência nos assuntos internos de outros Estados, da autodeterminação dos povos, da igualdade jurídica entre os Estados, da solução pacífica dos conflitos e da prevalência dos direitos humanos.

É um belo posicionamento, mas que, para essa inserção mundial, exige poder e recursos para defesa e para todos os tipos de segurança (energética, ambiental, alimentar etc.). Como ainda não dispomos de meios para tal, resta-nos o campo das ideias, numa estratégia de que nossos fins, como propostos em nossos princípios, são persuasivos e, assim, válidos para nossa inserção internacional.

É nesse contexto que vejo interessante a proposta de um Clube da Paz.

Em especial porque se refere à paz como um valor, a ser compartilhado, diferente da definição, de Bobbio, de paz como ausência de guerra. A proposta brasileira desse Clube seria a busca pela paz pelo diálogo e por mecanismos de soluções pacíficas de controvérsias. Terceiros se alinhariam para resolver conflitos e abrir canais de comunicação.

Recordemos que o Brasil, durante o governo FHC, exerceu papel semelhante, ao ser garantidor de paz no conflito entre o Peru e o Equador.

É claro que é tarefa difícil, frente à complexidade que está em jogo em um conflito e, mais ainda, por os terceiros atores precisarem ser aceitos como confiáveis pelos Chefes de Estado em oposição na crise.

Mas acredito que valha a pena pensarmos mais a respeito desse Clube da Paz.

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