Cunha Couto

Gestor de Crises

Escalada da crise com anexação de territórios ucranianos à Rússia

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A anexação de quatro regiões do território ucraniano à Rússia, oficializada no último dia 30 de setembro pelo presidente russo, Vladimir Putin, aumenta os riscos de escalada do conflito.

Segundo as autoridades russas, os resultados do referendo nas autoproclamadas repúblicas populares de Donetsk e Lugansk, no Leste da Ucrânia, e em Kherson e Zaporíjia, no Sul, estas parcialmente sob domínio russo, foram favoráveis à anexação, variando de 87 a 99%.

A Rússia ancora-se nesses resultados para justificar a incorporação das quatro áreas ocupadas, que correspondem a 15% do território ucraniano. Ataques ucranianos ou do Ocidente a essas regiões, portanto, passariam a ser considerados ataques à Rússia.

Putin já fez, inclusive, novas ameaças nucleares, prometendo defender as terras recém-anexadas “com todas as forças e meios à nossa disposição”.

Sem reconhecimento internacional

Enquanto a Rússia anunciava grande participação nas urnas pelos moradores das regiões ocupadas, Kiev e alguns países ocidentais denunciavam os referendos como fraudulentos, não reconhecidos pelo Direito Internacional.

A atitude contrária mais forte veio do Reino Unido que atendeu ao apelo ucraniano e aplicou novas sanções a pessoas e a entidades russas, em retaliação à anexação.

O processo de anexação é bem semelhante ao ocorrido em 2014, quando da separação da Criméia da Ucrânia via um referendo jamais reconhecido pela comunidade internacional.

A votação em Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporíjia, iniciada em 23/9, em referendos organizados pelo Kremlin e acompanhados por autoridades de segurança, encerrou-se em 27/9.

A Ucrânia e a comunidade internacional não reconhecem a votação por considerarem os referendos falsos, uma vez que são realizados sem o consentimento do governo ucraniano, sob lei marcial e não de acordo com os princípios democráticos. Além disso, o trabalho livre de observadores internacionais independentes também não foi possível.

A anexação das regiões controladas pelos separatistas, marca, portanto, uma nova fase do conflito, com Putin a desafiar os EUA e seus aliados europeus a arriscarem um confronto militar direto com a Rússia, a maior potência nuclear do mundo.

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