Aqui vão algumas considerações para lhes deixar marcados, como relevantes, alguns conceitos.
Como ponto de partida, cumpre sempre ver a “crise” como algo também positivo. Como uma oportunidade.
A crise não é um problema apenas para ser debelado, ou seja, não será, todas as vezes, um “incêndio a ser controlado”… Mas trata-se, igualmente, de um momento de aprendizado, para que se possam alterar procedimentos, doutrinas e mesmo visões do mundo…
Como segunda consideração, não há que se ver a “crise” como algo que cai em nossas cabeças. Na prática, as crises se fazem anunciar com alguma antecedência, embora haja exceções, que nos surgem como se fossem furacões, trombas d’água ou terremotos.
A surpresa de uma crise, algo por vezes inevitável, é mais sintoma da inadequação de nossos mecanismos de prevenção.
Podemos, com os 12 anos à frente de um Gabinete de Crises, dizer-lhes que quase 60% das crises tiveram como origem de alerta a mídia; cerca de 30%, normalmente as mais graves, foram antevistas pelo sistema de inteligência; e 10% delas nos chegaram de surpresa.
Como corolário da observação anterior, fica evidente que não deve existir um “muro conceitual” entre “detecção”, prevenção e gerenciamento de crise. São três atividades contínuas e que devem ser exercidas por equipes com o mesmo treinamento.
O êxito do esforço de prevenção é comprovado pela não eclosão da crise; o sucesso é evidenciado pelo fato de não ter que atuar como Gabinete de Crise!
Não esquecer que a crise é, também, nossa mestra na necessidade de inovar procedimentos de trabalho.
Por último, a existência de uma equipe multissetorial, como a que chefiamos na Presidência da República, termina por apresentar vantagens colaterais que nada têm a ver com o tema crise. A existência de foro de articulação como um Gabinete de Crises termina ajudando, até mesmo, como simples assessoria.
As correlações, pois, destas descrições com outras presidências (de instituições ou empresas) é dedutível e cabe a cada um as devidas adaptações.
