Cunha Couto

Gestor de Crises

A crise no Equador e a ilusão das fronteiras

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Geograficamente, o Equador não faz fronteira com o Brasil, mas não lhes parece razoável que os 22 grupos criminosos que lá atuam, com indícios de ligações com o cartel mexicano, não se comuniquem também com o crime organizado no Brasil?

Esse entendimento não poderia nos levar a um novo conceito de fronteira? Os mapas-múndi não estariam limitando os nossos raciocínios?

Tome-se exemplo a partir do Brasil. Se aqui estão sendo encontradas drogas não produzidas no Brasil, não se faz mister concluir que a cidade, no exterior, onde essa droga foi produzida é, do ponto de vista do crime organizado, contígua ou fronteiriça ao nosso país?

Outro exemplo dessa “nova geografia”: às questões de saúde pública. Com frequência parece ser esquecido que as fronteiras não sustam o caminho de micróbios, bactérias, vírus ou germes. Uma nova doença detectada no interior da China, por exemplo, graças à velocidade do transporte aéreo, poderá chegar em poucas horas ao Aeroporto Internacional de Guarulhos. Portanto, São Paulo e a cidade de Cantão poderão ser entendidas como contíguas no maravilhoso mundo novo em que vivemos… Com isso, para as autoridades a definição de “local” já estaria globalizada.

Em suma, não existe mais, no sentido antigo, longe ou perto. A geografia não mais é algo estável e passível de ser representada em mapas de duas dimensões e com apenas quatro cores.

Como ver, então, esse “maravilhoso mundo novo”?

O mais simples é não mais pensar apenas em escala local ou nacional. A nossa mente deve fazer um esforço para transcender os 8,5 milhões de quilômetros quadrados do território nacional. A escala mínima do pensar agora seria, ao menos, a América do Sul, um território que vai do Panamá à Patagônia. Em outras palavras, estaríamos obrigados a refletir sobre o nosso trabalho em escala continental, pois ou ampliamos a moldura geográfica do nosso pensar ou não mais entenderemos o Mundo que nos cerca.

O Equador, portanto, deve ser visto como nosso vizinho e merece toda nossa atenção.

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