Cunha Couto

Gestor de Crises

A busca por uma solução da crise que põe em xeque as seguranças alimentar e nuclear

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Novos bombardeios nesta segunda-feira (22/08) na região da usina nuclear de Zaporizhzhia, a maior da Europa, aumentam os temores de uma catástrofe pior que Chernobyl. Rússia e Ucrânia acusam-se mutuamente pelos ataques.

No último domingo (21/08), os líderes dos Estados Unidos, Joe Biden; da França, Emmanuel Macron; da Alemanha, chanceler Olaf Scholz e do Reino Unido, primeiro-ministro Boris Johnson pediram uma inspeção da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) na usina ucraniana, atualmente ocupada pela Rússia.

Zaporizhzhia foi tomada pela Rússia em março deste ano, após um ataque que provocou um incêndio felizmente sem consequências em relação aos níveis de radioatividade.

Ataques à usina de Zaporizhya, em meados de agosto, resultaram em explosões também no aeródromo militar de Zyabrovka, na Bielorrússia, a cerca de 30 km da fronteira ucraniana, e que abriga uma unidade russa, incluindo o radar Grave Stone e os sistemas de defesa antimísseis S-400.

Perto dali, outras doze explosões na base aérea russa na Criméia destruíram pelo menos oito aeronaves e atingiram um importante centro ferroviário, forçando a suspensão de todos os trens para a Rússia.

Isso impacta o transporte do milho e do trigo ucranianos e russos, que precisa chegar à África Oriental, castigada pela crise alimentar, que foi agravada por forte seca.

A guerra acirrou ainda mais essa crise alimentar, que pode se tornar global, porque Ucrânia e Rússia são os principais fornecedores de grãos. Os países em desenvolvimento foram atingidos pela escassez e pelos altos preços, e a ONU declarou várias nações africanas como em risco de fome.

Para se ter uma ideia da ordem de grandeza, antes do início da guerra, a Ucrânia fornecia cerca de 50 milhões de toneladas de grãos por ano ao mercado mundial, segundo as Nações Unidas.

Diante desse quadro, por onde passa uma solução?

Há uma semana, o secretário-geral da ONU se reuniu com os presidentes da Ucrânia e da Turquia para falar dos combates perto da central nuclear de Zaporizhya e avaliar o estado das exportações de grãos em meio à guerra.

Concretamente, o pacto, mediado pelas Nações Unidas e pela Turquia para desbloquear três portos da Ucrânia, já permite criar um canal seguro de transporte para a exportação de grãos ucranianos, após meses de bloqueio russo.

No entanto, mesmo com esse pacto, apenas uma pequena parcela das exportações de grãos ucranianos conseguiu sair do país. Segundo a Turquia, cerca de 600 mil toneladas de grãos foram embarcadas dos portos ucranianos desde que o acordo foi fechado.

Diante de tudo isso, uma zona desmilitarizada seria aceita por ambas as partes nesse conflito que já dura seis meses?

Em outra ação da ainda desacreditada ONU, está sendo negociado acordo com Rússia e Ucrânia para garantir segurança nuclear, via uma inspeção da usina de Zaporizhya pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA ).

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), o português António Guterres, alertou que qualquer ataque à usina de seria “suicídio” e voltou a falar em desmilitarização da região, uma proposta rechaçada pela Rússia. A Ucrânia, por outro lado, descartou qualquer acordo de paz enquanto houver tropas de Moscou em seu território.

Uma luz parece surgir com a designação do general brasileiro Santos Cruz para investigar crimes de guerra na Ucrânia. É claro que, antes de designar alguém para tal função, Guterres consultou as partes e Zelelenski e Putin concordaram.

Aí está uma janela de oportunidade para se pensar em uma força de paz para ocupar aquela região do conflito Ucrânia-Rússia que tem preocupado o mundo todo.

Provavelmente, uma tropa composta por militares de países “neutros”, como
Brasil, África do Sul e Índia seria aceita.

Dará certo?

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