Cunha Couto

Gestor de Crises

Mujica

CCBlog289

Pepe Mujica é desses líderes que exercitam a frase de que não importa quantas vezes você caiu, e sim quantas você levantou. Dizia: “Vencer na vida não é ganhar, é se levantar a cada queda.”

E foi assim que o fez em cada crise por que passou.

Ficou conhecido como o “presidente mais pobre do mundo” por manter uma vida austera, dirigir um Fusca azul-claro e pelo discurso desapegado dos bens materiais. Negava ser pobre e acrescentava: “Pobres são os que querem sempre mais, que não se satisfazem com nada. Esses são pobres, porque entram em uma corrida infinita. E não terão tempo suficiente na vida.” Acrescentava que “a vida humana é um milagre e nada vale mais do que a vida.”

Em alerta para os tempos modernos, disse que não vale a pena viver amarrado ao trabalho, como se fosse a coisa mais importante.

Doava 90% do salário para programas sociais, não por propaganda pessoal, mas porque achava que já tinha o suficiente. A prisão, por mais de uma década, o fez refletir sobre o que importa.

Com essa simplicidade, sem se distanciar de sua pequena chácara, de sua mulher e de sua cachorra, governou o Uruguai de 2010 a 2015, na onda de líderes de esquerda que comandaram a América Latina.

Durante seu governo, promoveu reformas progressistas, como a legalização da maconha e do casamento entre pessoas do mesmo sexo, além da descriminalização do aborto, mas alertava que a maconha é um vício perigoso.

Quando falava, todos concordavam, embora fosse difícil praticar o que propunha, pois exigia desapego.

Depois de sua vivência como senador, concluiu que “a política não deveria ser uma profissão com a qual você ganha a vida; deveria ser uma paixão pela qual você vive. Uma paixão criativa, que não garante que erros não serão cometidos.” Depois, “aqueles que gostam de dinheiro devem ser expulsos da política. Eles são um perigo. O poder acende todos os seus demônios.”

Embora símbolo da esquerda na América Latina, coerente com seus princípios, condenou as ditaduras de Ortega, na Nicarágua, e de Maduro, na Venezuela.

Em seu último discurso, propôs o seu legado: “… mas estou feliz porque, quando meus braços acabarem, haverá milhares de braços me substituindo na luta. Até sempre, eu dou meu coração.”

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