Cunha Couto

Gestor de Crises

Quem está ganhando a guerra? PARTE 2

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Israel ou Hamas?

Milan Kundera, em “A cortina”, nos escreve sobre os tamanhos dos países: “o que distingue as pequenas nações das grandes não é o critério quantitativo do número de seus habitantes; é alguma coisa mais profunda: para as pequenas nações sua existência não é uma certeza autoevidente, mas sempre uma dúvida, uma aposta, um risco. Eles estão na defensiva contra a História, uma força que é maior do que eles, que nunca os leva em consideração, que às vezes nem nota sua existência”.

Portanto, há o risco de países fracassarem e de civilizações desaparecem.

Palestinos vivem essa ameaça. Os israelenses já passaram por isso.

Na declarada guerra de Israel ao Hamas, o Objetivo Estratégico de ambos é a destruição total do opositor, tudo indicando que até mesmo uma troca de prisioneiros palestinos por reféns israelenses em Gaza só ocorrerá após um cessar-fogo, embora negociações por um cessar-fogo continuem sem sinais de avanços.

Esta não é uma guerra convencional: há ódio histórico entre as partes. Por um lado, túneis e bases sob hospitais e uso de civis como escudos humanos; de outro, um governo que não provê apoio humanitário aos refugiados e não limita seus ataques.

Na verdade, Israel e Hamas têm extrapolado, em muito, o conceito de direito à defesa e a situação humanitária é especialmente terrível nesse conflito.

Fica, pois, difícil, nesse caso, conciliar direito de defesa e direito humano. A consequência é o caos e a terra arrasada na Faixa de Gaza, bem como o aumento contínuo da violência e da barbárie.

Para o grupo terrorista, as condições para um acordo implicam no fim da ofensiva militar israelense; na retirada das forças de Israel da Faixa de Gaza e no retorno de palestinos deslocados às casas das quais eles fugiram. Ou seja, esse objetivo é uma retirada completa de Gaza e o retorno dos deslocados às áreas que eles deixaram, o que não é aceito por Israel, que tem objetivo oposto.

Um aspecto interessante, e que nos serve como lição dessa crise, foi a alternância na opinião pública internacional nessa guerra. Ao início, quando o grupo terrorista assassinou israelenses, em 7/10/23, houve solidariedade ao direito de defesa de Israel. No entanto, com o tempo, há consenso de que a reação de Israel está sendo desproporcional, o isolando e até, por vezes, minando a sua relação com parceiros, como com os EUA.

O quadro, por enquanto, é Israel vencendo suas ofensivas militares, mas o Hamas obtendo maior apoio político e da opinião pública internacional.

De qualquer forma, uma paz sem considerar tantos fatores históricos seria ilusória e não se sustentaria.

A coexistência pacífica entre os dois povos parece só ser possível com o aceite de um novo Estado – a Palestina, e com isso a prosperidade entre os dois contendores.

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