Ainda em uma situação não esclarecida, um barco de 15 metros, sem abrigo, propulsão ou leme (apenas uma grande canoa!) foi encontrado por pescadores em Bragança, no Pará, próximo à foz do rio Amazonas. A bordo, estavam nove corpos em decomposição.
Segundo os documentos a bordo, esses imigrantes deixaram a Mauritânia, na África, após 17 de janeiro, com 25 passageiros, e todos morreram, provavelmente de fome e sede, durante a travessia de 4.800 km até nossa costa, chegando aqui em 13 de abril.
O Brasil não seria o destino natural para essas pessoas, que normalmente se dirigem à Europa.
De qualquer forma, imagine o desespero que leva essas famílias a uma aventura tão arriscada de sair ao mar sem segurança, algo que só se justifica pela situação ainda mais ameaçadora no local de origem.
Em outro artigo, apresentei os números de migrantes mortos em 2023: 8.565.
Parece algo distante de nossa realidade, mas esse barco macabro no Pará nos traz à realidade das pessoas que arriscam suas vidas, abandonando seus países por condições mínimas de sobrevivência, devido a conflitos, perseguições, fome, opressão de regimes, entre outros motivos.
No mesmo dia em que foi encontrado o barco com migrantes mortos, surgiu outra notícia sobre o endurecimento das leis de imigração, desta vez pela União Europeia (UE).
A aversão à imigração de pessoas que apenas buscam uma vida mais segura encontrou respaldo na reforma, após 10 anos de debates no Parlamento Europeu, da nova política de refúgio e asilo que endurece o controle nas fronteiras dos 27 países-membros, distribui a responsabilidade por todos os Estados-membros e facilita a rápida devolução daqueles que não têm direito de permanecer no país para o qual migraram.
Essas medidas entram em vigor em 2026. Serão construídos centros de refugiados nas fronteiras e haverá envio de imigrantes para países fora do bloco, algo que soa incompatível com os direitos humanos.
De que são acusados esses imigrantes? “De espalhar insegurança e de ameaçar a identidade europeia”.
É incrível a intolerância para com os imigrantes!
