Apesar de compartilhar da preocupação de que as bombas de fragmentação podem atingir civis quando empregadas num conflito, o presidente norte-americano Joe Biden decidiu atender o pedido do ucraniano Volodymyr Zelensky e autorizou, em 7 de julho, o envio de Cluster Bombs para serem utilizadas na estratégia defensiva ucraniana contra os russos.
As armas fazem parte de uma parcela da assistência militar dos EUA à Ucrânia, que também inclui veículos blindados e outras armas.
Foi decisão impopular, inclusive entre os aliados dos EUA, e com fortes objeções dos defensores dos direitos humanos que pedem a proibição dessas armas, pois colocam em perigo os civis.
A alegação ucraniana é que a Rússia teria se valido dessa bomba na invasão dos territórios de Donestsk e Luhansk, hoje ocupados pelos russos.
Trata-se de bomba usada pela primeira vez na 2ª Guerra Mundial e seu uso, ou armazenamento, ou transferência foi condenado por 2/3 dos membros da ONU, devido ao risco para populações civis de seu emprego em cidades.
Em 2008, 123 nações assinaram a Convenção sobre Munições de Fragmentação. Fora dessa lista encontram-se os Estados Unidos (que as usaram na Síria), Ucrânia e Rússia.
As alegações pela proibição de uso de bombas cluster se devem a que, ao se abrir no ar, essas armas lançam bombas menores que se espalham por vasta área e parte delas não explode no primeiro impacto, podendo, portanto, virem a ser acionadas muito tempo após o fim do conflito.
Para a Ucrânia, o emprego dessas bombas permitirá a muito divulgada contraofensiva a partir de Kiev, bloqueada pelas trincheiras russas.
Pelo lado dos EUA, o conselheiro de Segurança Nacional, Jake Sullivan, disse em entrevista: “É por isso que adiamos a decisão o máximo que pudemos. Mas também há um risco enorme de danos civis se tropas e tanques russos passarem por posições ucranianas e tomarem mais território ucraniano e subjugarem mais civis ucranianos”.
Fato é que as bombas de fragmentação tornarão ainda mais sangrenta a guerra na Ucrânia e serão um risco para a região nas próximas décadas.
Os fragmentos não detonados podem permanecer enterrados por anos e certamente veremos fotos de homens, mulheres e, principalmente, crianças com membros amputados ou mortos.
Será que só então vamos entender o desastre humanitário que isso representa?