Cunha Couto

Gestor de Crises

Kissinger, 100 anos: ainda com presença nas grandes crises internacionais

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No dia 27 de maio, Henry Kissinger fez 100 anos, dos quais muitos deles com experiências em assuntos internacionais, mercê de seus estudos, consultorias e atividades no governo dos Estados Unidos, até como Secretário de Estado.

São ilustrativas dessas suas atividades de articulação em situações de crises as inúmeras fotos cumprimentando ou ladeando mandatários em todos os continentes.

Esse reconhecido conselheiro em assuntos de Segurança Nacional norte-americana considera evitar o conflito entre grandes potências o foco do trabalho de sua vida e entende que a diplomacia pragmática é a única forma de evitar conflitos que possam colocar o mundo em perigo.

O jornal O Estado de S. Paulo publicou, em 20/5/2023, artigo sobre a conversa em abril de Kissinger com o The Economist, que versou mais sobre como evitar que a competição entre China e EUA descambe para a guerra, o que bem demonstra o quanto esse conselheiro se mantém atualizado.

Pela importância dessa publicação, reproduzo alguns conceitos ali expressados.

Kissinger nos alerta que “estamos na situação clássica pré 1ª Guerra Mundial, em que nenhum lado tem muita margem de concessão política”, devido à competição entre EUA e China por proeminência tecnológica e econômica. Teme que a inteligência artificial esteja prestes a potencializar essa rivalidade.

Em sua visão, o destino da humanidade depende de EUA e China se entenderem.

Nessa entrevista, Kissinger dá conselhos para aspirantes a líder mundial, pois acredita na liderança como um poder:

  • Mantenha diálogo permanente para evitar uma guerra;
  • Defina objetivos capazes de agregar as pessoas e meios de alcançar esses objetivos;
  • Ligue tudo aos objetivos domésticos, sejam eles quais forem;
  • Arque com responsabilidade, realismo, visão para perceber equilíbrio entre forças, e comedimento no uso de seu poder.

Entende que essas são tarefas dos líderes das superpotências e cita Immanuel Kant: “a paz ocorreria por meio do entendimento humano ou de algum desastre…”.

Como prova de que Kissinger continua olhando para adiante, seus dois próximos livros versarão sobre Inteligência Artificial e A Natureza das Alianças.

Diante de realidades de tanta complexidade, é até surpreendente um Kissinger buscando encontrar espaços de oportunidade em meio a crises atuais: trata-se, portanto, de um homem que vence o desafio de ser contemporâneo do seu tempo.

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