Cunha Couto

Gestor de Crises

Fim da emergência internacional da Covid-19, mas não de sua ameaça

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No último dia 5 de maio, a Organização Mundial de Saúde (OMS) anunciou que o Sars-CoV-2 não representa mais uma ameaça sanitária internacional.

Isso representa só o ponto final da emergência global, pois, como ocorreu com a Aids, a Covid-19 continuará sendo uma ameaça à saúde mundial.

Durante seu anúncio, o Diretor-Geral da OMS, Tedros Adhanom, emocionado, falou que não precisava ter sido assim e que já temos que nos preparar melhor para detectar e atenuar os impactos das futuras pandemias, o que só será possível com coordenação, solidariedade e equidade.

Trata-se de um alerta importante, após três anos da Covid, em que nos ficou claro que fracassamos como comunidade internacional para fazer frente à pandemia. Os números oficiais de mortes reportados à OMS passam de 7 milhões, 10% das quais no Brasil, que contabilizou 700 mil óbitos. Além disso, as desigualdades ficaram mais visíveis, principalmente pelas dificuldades de acesso a vacinas e a informações confiáveis.

Recordemos que, em 2015, Bill Gates, em Ted Talk, falou que o maior risco mundial não era o nuclear, mas o de uma pandemia. E justificou: investimos muito mais em prevenção a um ataque nuclear do que em um sistema que detenha um vírus com potencial de provocar uma pandemia. Foi profético. Precisamos, portanto, nos preparar para a próxima pandemia, que já pode estar no horizonte.

Nesse sentido, parece-nos interessante a proposta do governo brasileiro, a ser discutida em Genebra, de um tratado internacional para que o mundo possa enfrentar uma futura pandemia, com todos os países tendo responsabilidades definidas.

Afinal, não nos resta dúvida de que a Covid-19 impactou fortemente as nossas rotinas de saúde, educação e trabalho, e não nos devemos esquecer que são apenas algumas das muitas consequências dessa pandemia.

Portanto, neste momento de início de pós-crise, em que estamos vivendo a transição do modo de emergência para o de gerenciamento da Covid, como o de outras doenças infecciosas, é vital aos países compreenderem que essa volta à vida normal só será possível desde que aperfeiçoem seus sistemas de saúde para que sejam capazes de lidar com evoluções do vírus e dando acesso e atendimento universal às suas populações.

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