Cunha Couto

Gestor de Crises

Crise alimentar no Haiti e a reação dos EUA à emigração

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Na imprensa norte-americana surgem notícias de que juntos, Estados Unidos e México (estranhamente essa dupla), vieram a público para pedir mais uma “missão de segurança” no Haiti, sem deixar muito clara qual seria a natureza, mas dando a entender que seria o envio de tropas em missão de paz pela Organização das Nações Unidas (ONU).

As atuais relações do presidente mexicano com os EUA não parecem ser as melhores, o que faz com que a única justificativa para esse alinhamento é que o México está sentindo internamente a pressão da chegada de haitianos, para aí ficarem ou seguirem para os Estados Unidos. Essa situação começa a criar problemas domésticos ao próprio México.

Ocorre que esse quadro deve piorar para os mexicanos com a reintrodução, pelos norte-americanos, do bloqueio na fronteira Sul com base no “Título 42”, parte da legislação federal americana que permite o rechaço de estrangeiros por razões sanitárias.

Catástrofe humanitária

A chefe da missão da ONU no Haiti, Helen La Lime, alertou ao Conselho de Segurança, em meados de outubro, sobre o agravamento da situação no país. O Haiti está enfrentando um surto de cólera, além de instabilidade política e violência causada por gangues de rua.

Segundo La Lime, mesmo com o aumento do número de casos de cólera, grupos armados têm bloqueado o terminal de Varreux, na capital Porto Príncipe, que armazena a maior parte do combustível do país.

As gangues haitianas estão impedindo a distribuição de diesel e gasolina, prejudicando empresas e até hospitais e gerando  escassez de água e outros bens básicos.

De acordo com o Programa Mundial de Alimentos (PMA) da ONU, cerca de 4,7 milhões de pessoas, quase a metade da população do Haiti, estão passando fome.

Dessas,  pelo menos 19 mil pessoas que vivem em Cité Soleil, o bairro da capital, atingiram o nível mais alto de insegurança alimentar, o que significa ingerir apenas uma vez por dia alimentos de má qualidade.

“O Haiti está enfrentando uma catástrofe humanitária”, declarou o diretor do PMA no Haiti, Jean-Martin Bauer.

A gravidade da situação fomenta o êxodo. Estados Unidos e México já estão a tomar posição sobre esse assunto, por razões bem práticas, e tomando por exemplo a migração de africanos para a Europa.

Se nada for feito, a situação poderá ficar crítica para todos os países da América, não só para EUA e México.

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