O atentado contra Trump, inquestionável em gravidade e a quatro meses das eleições presidenciais nos EUA, nos remete à crise chamada de violência política, que é a violência perpetrada para atingir objetivos políticos. O difícil é definir a motivação desse tipo de violência, porque ela pode ser usada por diversos atores e em diferentes situações: por um Estado contra outros Estados (guerra); por um Estado contra civis (brutalidade policial, tortura, limpeza étnica ou genocídio); e por atores não estatais violentos contra Estados ou contra civis (sequestros, ataques terroristas).
Importante mencionar que a não ação por parte de um governo também pode ser caracterizada como uma forma de violência política, como, por exemplo, recusar-se a diminuir a fome. Após a tentativa contra Trump, todas as notícias e pronunciamentos repudiaram a violência política, embora em muitos países esse ato pudesse ser enquadrado nas leis antiterrorismo. Como o atirador (Thomas Crooks) foi morto, será difícil afirmar sua motivação, ainda mais pela sua ambiguidade política (registrado como eleitor republicano, mas com doação feita a comitê democrata).
Só um parêntese: quando no Gabinete de Crises da Presidência da República, tivemos um caso curioso de uma denúncia de uma pessoa que viera ao Brasil com o propósito de assassinar nosso presidente. De fato, havia entrado no país e, quando interrogado, explicou que havia brigado com a namorada e resolvera chamar a atenção dela se valendo de um atentado de repercussão internacional… que motivação, não?
Como toda crise abre janelas de oportunidade, essas foram logo aproveitadas e, como sempre, a Comunicação está tendo papel fundamental. Imediatamente, a imagem de Trump com o punho erguido, o rosto ensanguentado e a bandeira dos EUA ao fundo serviram de propaganda para a convenção republicana, bem como para as preocupações dos democratas, pois as mensagens da campanha de Biden, que Trump representa uma ameaça para a democracia, se tornaram inaudíveis.
Portanto, com esse evento na Pensilvânia, ambas as campanhas tiveram que mudar seus apelos. Enfim, Deus abençoe a América!