“No inferno, os lugares mais quentes são reservados àqueles que escolheram a neutralidade em tempos de crise.” – Dante Alighieri.
Analistas, de há muito, estão indicando que os partidos políticos estão priorizando a personalidade dos candidatos em detrimento de propostas e de programas que indiquem suas linhas e seus alinhamentos político-ideológicos.
Nestas eleições, o que se está vendo é uma forte polarização, bem à semelhança do que ocorreu na disputa entre Trump e Biden, nos EUA, como para servir de exceção à regra dos que entendem que essa polarização se dá apenas nos países emergentes.
No espírito da nossa Constituição de 1988 estava um presidencialismo de coalizão que, desde então, vem pautando combinações de partidos políticos visando à governabilidade, mas, no caminho surgiu a reeleição, a partir de 1998, e desde então o jogo mudou.
Conseguiram se eleger fora dessa estrutura partidária: Collor, em 1990, e Bolsonaro, em 2018. Em ambos os casos resultaram em fragilidade na governabilidade, surgindo a solução de aderir aos partidos do “Centrão”.
E assim chegamos, com algumas intercalações, às eleições de 2022, em que há dois candidatos maiores do que seus partidos e com propostas praticamente opostas, alimentando grande polarização.
Crises à vista
Algumas crises são previsíveis: se Lula ganhar, enfrentará um Congresso conservador e com maioria contrária, em princípio, às suas propostas legislativas; por sua vez, Bolsonaro reeleito, apesar de ter demonstrado a força do bolsonarismo, terá que usar de muita habilidade para congregar um país dividido.
Mantidas as atuais rejeições dos dois candidatos, a credibilidade das promessas e as alianças a serem feitas até o dia 30/10 definirão o resultado, com o vencedor caminhando inexoravelmente ao Centro e as crises se iniciando…
Recordando a visão de Ruy Barbosa:
“Toda a capacidade dos nossos estadistas se esvai na intriga, na astúcia, na cabala, na vingança, na inveja, na condescendência com o abuso, na salvação das aparências, no desleixo do futuro”.