A renúncia do Marechal Deodoro da Fonseca, em 23 de novembro de 1891, marca um dos momentos de crise mais decisivos da história do Brasil.
Com base na Wikipédia, faremos um breve relato.
Deodoro foi nomeado chefe do governo provisório após a Proclamação da República, em 15 de novembro de 1889. Sua gestão começou com grandes expectativas, mas logo enfrentou vários desafios sociais e políticos, até que, em 1891, foi promulgada a primeira constituição republicana do país, e Deodoro foi eleito presidente por sufrágio indireto.
Seu governo constitucional foi marcado por forte tensão política entre suas tendências centralizadoras e as inclinações federalistas da sociedade civil. Em resposta à pressão, Deodoro dissolveu a Assembleia Constituinte em novembro de 1891, em uma tentativa de manter seu governo. No entanto, essa decisão resultou em uma onda de protestos. Muitos viam a medida como uma ameaça à democracia e aos direitos civis.
Outra pressão veio de navios da Armada na Baía de Guanabara, sob a liderança do almirante Custódio de Melo, que ameaçaram bombardear a cidade do Rio de Janeiro, então capital do Brasil.
Em 23 de novembro de 1891, Deodoro da Fonseca renunciou à presidência do Brasil devido à primeira Revolta da Armada e para evitar uma guerra civil. Seu cargo foi assumido pelo vice-presidente Floriano Peixoto.
A Constituição de 1891, no entanto, garantia que, se a presidência ou a vice-presidência ficassem vagas antes de se completarem dois anos de mandato, deveria ocorrer uma nova eleição. Isso fez com que a oposição acusasse Floriano de estar ilegalmente no cargo. Mas essa é outra história.
A renúncia de Deodoro da Fonseca é, portanto, um marco importante na história do Brasil, pois reflete as tensões políticas e sociais que marcaram a transição do país para uma república. Esse evento ilustra a fragilidade da nova ordem institucional e as complexas dinâmicas sociais no período pós-monárquico.
Há alguns fatos curiosos relacionados à Marinha na transição para a República.
Quando foi proclamada a República e se deu o fim da monarquia, o almirante Eduardo Wandenkolk, então ministro da Marinha, mandou desembarcar um tenente, o príncipe Augusto Leopoldo, de bordo do navio Almirante Barroso, no Ceilão.
Anos se passaram e, em 9 de novembro de 2024, ao contrário do que ocorreu no Ceilão, foi feita uma significativa homenagem a um membro da Família Real. Foi por ocasião do funeral de Sua Alteza Imperial e Real, Príncipe do Brasil, Dom Antônio de Orleans e Bragança. O caixão foi coberto com a bandeira do Império, e lhe foram prestadas honras de cerimonial.
É interessante recordar que, quando o Marquês de Tamandaré morreu, foi encontrado em sua casa um bilhete que dizia: “Quero ser coberto com a bandeira que sempre defendi”. Porém, como o fato ocorreu em 1897, os aspirantes que haviam ido render-lhe homenagem ficaram com receio de represálias dos oficiais republicanos e colocaram a bandeira ao lado do caixão, sem cobri-lo.