Na guerra Israel-Hamas, as imagens positivas e negativas de ambos os atores vêm se alternando, colocando-os como vítima ou como vilão.
Em 7 de outubro, no ataque terrorista do Hamas no território israelense, todos estavam a favor e solidários a Israel.
A opinião pública foi mudando com a reação desproporcional (mesmo apoiada pelo direito de defesa de Israel), com inúmeros bombardeios sobre Gaza.
Mais de dez mil palestinos já foram mortos (isso é sete vezes o número de israelenses vitimados no ataque do Hamas), quase metade sendo de jovens e crianças.
Permanecem objetivos míopes pelos dois lados em conflito – Israel aniquilar o Hamas e o Hamas destruir Israel -, devido ao ódio recíproco, o que leva a ações de barbáries, superando a racionalidade.
Por essa razão, na Organização das Nações Unidas (ONU), tanto Israel como o Hamas estão sendo criticados. Na percepção internacional, o Estado de Israel, que era a vítima inicial dessa guerra, vai-se tornando, igualmente, vilão.
Portanto, não foi surpresa a resolução da Assembleia Geral da ONU pelo cessar fogo humanitário contar com 120 votos favoráveis e só 14 contrários. O resultado foi um recado a Israel e isolou os Estados Unidos, sem deixar de culpar também o Hamas.
A questão vem avançando, com protestos pelo mundo, risco de crescimento do antissemitismo e críticas à minguada entrada de ajuda humanitária a Gaza, à pouca saída de não combatentes para o Egito e à recusa ao cessar fogo humanitário.
A imagem do Hamas continua negativa, claro, mas já está sendo igualmente debilitada a imagem de Israel, que tem atraído a revolta de parte significativa da opinião pública pela maneira como está conduzindo os ataques à Faixa de Gaza.
Por outro lado, permanece inaceitável o uso de 200 reféns israelenses como escudo humano pelo Hamas.
Paz distante
Os governos do Catar, Egito e Estados Unidos tentam mediar a criação de um entendimento que estabeleça um cessar-fogo humanitário em Gaza, com o objetivo de atender à população mais vulnerável, retirar feridos e evitar um colapso humanitário sem precedentes.
No entanto, não se fala em paz, algo que parece muito distante com as atuais lideranças, que não estão se envolvendo com o Hamas, no poder na Faixa de Gaza, nem com Israel, sob Netanyahu.
Fica-nos claro que, para um acordo de paz e a criação de dois Estados para dois povos, são necessárias lideranças como aquelas nas assinaturas dos acordos de Oslo, nos anos 90.
Portanto, os vilões estão aqui bem identificados e a vítima, sem dúvida, é a população civil nessa guerra.