Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos e seus aliados construíram uma ordem internacional baseada em estabilidade, previsibilidade e cooperação. Esse sistema se apoiava no livre mercado, na interdependência econômica e no respeito ao Direito Internacional, com instituições criadas para mediar disputas e fortalecer a governança global. Durante décadas, tais pilares sustentaram a liderança norte-americana e um equilíbrio de poder que privilegiava o diálogo e a racionalidade.
Entretanto, sob o governo Trump, a diplomacia norte-americana rompeu com essa tradição cooperativa. O país passou a adotar uma política externa marcada por protecionismo, guerras tarifárias e decisões unilaterais. A retirada dos Estados Unidos de acordos e organismos multilaterais, como a ONU, a OMC e o Acordo de Paris, revelou o enfraquecimento do compromisso com o multilateralismo e abriu espaço para que outras potências — especialmente China e Rússia — redefinissem as regras do jogo global.
Na prática, a lógica de Trump deteriorou a confiança de aliados históricos. As relações com a Europa sofreram abalos, as tensões comerciais com parceiros próximos aumentaram e a América Latina passou a olhar com desconfiança para Washington, enquanto Pequim ampliava sua influência econômica e diplomática.
O enfraquecimento da cooperação multilateral ameaça a própria capacidade do mundo de enfrentar crises complexas — sejam elas sanitárias, econômicas, ambientais ou militares. Nenhum país, por mais poderoso que seja, conseguirá resolver sozinho os desafios globais.
Portanto, a história demonstra que a estabilidade internacional depende menos da força e mais da capacidade de dialogar, negociar e construir soluções compartilhadas. Em tempos de competição e desconfiança crescentes, é preciso reafirmar que crises se superam não pela imposição, mas pela cooperação.