No conceito original, polarização implica dois polos de sinais contrários no mesmo campo magnético. Portanto, o fenômeno da polarização não surge de forma espontânea; precisa do campo magnético.
O mesmo ocorre quando entendemos polarização como um processo pelo qual opiniões, ideias e comportamentos tornam-se extremados, resultando em divisões profundas entre grupos da sociedade, com potencial de gerar crises ao reduzir o diálogo e o entendimento.
No cenário atual, a polarização é observada nos debates políticos, nas redes sociais ou nas simples discussões.
Mas um dos contextos mais visíveis de polarização é a política, que nasce do crescente número de partidos de diferentes grupos políticos e da incapacidade de diálogo entre eles, comprometendo a democracia, especialmente quando ocorre o incentivo de lideranças políticas à divisão dos eleitores como estratégia para se elegerem.
A polarização no Brasil extrapolou a política, com familiares rompendo relações por discordâncias partidárias.
É claro que alguma polarização é necessária para que os eleitores possam fazer suas escolhas. Portanto, a polarização em si não é problema, pois divergências políticas são fundamentais. Quando passa a ser ideológica, com eleitores cada vez mais radicais, é que surgem os problemas.
Em outro “campo magnético”, temos as redes sociais contribuindo para gerar engajamento e desinformação, chaves na escalada da polarização, pois as emoções negativas, como a raiva e o medo, têm vantagem sobre as positivas.
Hoje, as pessoas são apresentadas a fatos e interpretações juntos nas redes sociais, fazendo do mundo digital uma poderosa máquina de publicidade.
As plataformas permitem que as pessoas se conectem e compartilhem crenças e valores, muitas vezes ignorando a diversidade de opiniões. Além disso, o algoritmo dessas redes prioriza o conteúdo que gera engajamento, muitas vezes favorecendo narrativas extremas ou polêmicas. A tudo isso se junta o poder de distorcer a realidade e criar divisões, gerando crises por animosidade.
Como gerir crises por polarização? Imagino que seja atuando no “campo magnético”, ou melhor, promovendo o diálogo e a empatia e conectando pessoas com diferentes opiniões em espaços respeitosos.
A polarização não é inevitável. É possível construir uma cultura baseada no diálogo, sem renunciar aos debates.