Com frequência, quando falávamos que integrávamos o Gabinete de Crises da Presidência da República isso fazia aflorar um discreto sorriso nos lábios dos interlocutores, pois, nos tempos de hoje, tudo parece ser classificado como “crise”.
Caso alguma unidade da administração pública fosse encarregada de tal agenda, o sorriso seria merecido e necessário.
Na prática, o nosso “gabinete” foi criado no final dos anos noventa como foro ou local de articulação para temas, com potencial de crise, que envolvessem dois ou mais ministérios. Simples, assim… na teoria.
Na verdade, motivações, nessa época, para a criação de um Gabinete de Crises nos vinham quando líamos manchetes, como:”24.124 pessoas desalojadas e outras 1.926 desabrigadas por conta das chuvas” ou “adesão à greve dos caminhoneiros chega a 75% da categoria”.
E, então, nos surgia uma pergunta: “o que o Governo fará?”
Não por acaso, em razão destas situações complexas, a Academia passou, alguns anos mais tarde, a se dedicar à análise e ao estudo das perspectivas para a gestão de crises, porque, quando ela se instala, a governabilidade e a governança de instituições entram em xeque.
Alguns Governos ou empresas não conseguem sair dessas crises e caem ou desaparecem; ou fecham.