Qual o motivo?
Há empresas e países que ganham muito vendendo armamentos e munições a países envolvidos diretamente ou sob influência de conflitos e tensões em praticamente todas as regiões do mundo, o que motiva esses países a gastarem com Defesa.
O resultado são os números que o Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (SIPRI, em inglês) divulgou em seu relatório anual sobre gastos militares em 2023, cujos dados refletem o volume de armas e não o seu valor financeiro. Segundo o SIPRI, os investimentos em defesa subiram para US$ 2,4 trilhões, representando 2,3% do PIB mundial.
Em 2023, os EUA aumentaram seu papel global como fornecedor de armas – um aspecto importante da sua política externa – exportando mais para mais países.
O destaque do relatório foi para a Otan, que vem pressionando seus membros para atenderem às metas de investimento, estabelecidas há 10 anos, de 2% do PIB em defesa. Com isso, além de uma procura maior por sistemas de defesa aérea, estimulada pela campanha de mísseis da Rússia contra a Ucrânia, os gastos militares dessa Aliança representaram 55% dos gastos totais em 2023.
Conflitos interestatais também explicam a alta nos gastos em defesa no último ano. A Rússia, diante do conflito com a Ucrânia, chegou a gastar, em 2023, 5,9% do seu PIB. Do outro lado, a Ucrânia emergiu como o quarto maior importador de armas do mundo, depois que países lhe forneceram armas como ajuda militar a partir de 2022, bem como aportes financeiros feitos pelos Estados Unidos, em 2023, que beiraram US$ 35 bilhões.
Israel também aumentou seus gastos com equipamentos militares em face das tensões com países da região e do conflito na Faixa de Gaza. Assim também o Oriente Médio importou grandes volumes de armas, principalmente dos EUA e da Europa.
Entretanto, em 2023, a maior parte das transferências de armas foi para a Ásia, sendo a Índia o maior importador de armas do mundo (com a Rússia como seu principal fornecedor).
As importações de armas aumentaram 155% pelo Japão e 6,5% pela Coreia do Sul, motivadas pela preocupação com as ambições da China. No sentido contrário, as importações pela China diminuíram, como resultado da substituição de armas importadas pelas produzidas localmente.
O conflito entre grupos paramilitares e forças de Estado em diversos países africanos explica a marca regional nos gastos em defesa na África, que cresceram 22% em 2023.
Devido à importação de seis submarinos com propulsão nuclear (acordo com EUA e Reino Unido), a Austrália foi o oitavo maior importador de armas do mundo.
Os países da América Latina tiveram pouca expressão em termos de comércio de armas.
Há, pois, um aumento global nos investimentos militares, impulsionado por conflitos regionais e tensões geopolíticas.