Cunha Couto

Gestor de Crises

O cravo vermelho no terno de Lula 

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Em seu último compromisso, na visita oficial que fez a Portugal, o presidente Lula ostentou um cravo na lapela  durante sua fala no Parlamento português.

Esse gesto foi uma homenagem à Revolução dos Cravos, uma crise em que os fuzis foram usados como jarros de flores.

Como foi essa crise?

O Salazarismo, do professor universitário Antônio de Oliveira Salazar, teve início em 1933, depois de ter sido, em 1932, nomeado Presidente do Conselho de Ministros, com plenos poderes, ratificados na constituição de 1933.

Esse “Estado Novo” durou 41 anos, marcados por autoritarismo, censuras e muitos exílios, como o de meu avô materno, exilado para os Açores.

Para controlar a população, havia a atuação da temida Polícia Internacional de Defesa do Estado (PIDE) – uma polícia política.

Após o afastamento de Salazar, vítima de um derrame, em 1968 (vindo a falecer em 1970), o salazarismo foi continuado por Marcello Caetano.

A Revolução dos Cravos aconteceu praticamente sem violência.

As imposições do regime salazarista já se faziam insuportáveis, e um grupo de militares, os chamados “Capitães de Abril”, conseguiu depor o presidente Marcello Caetano, no dia 25 de Abril de 1974.

Um dia antes, no dia 24 de abril, o jornal República publicou que o povo escutasse a rádio Renascença à noite. Músicas serviram como senha.

Nesse dia, às 22h55, os Emissores Associados de Lisboa começaram a transmitir a canção “E Depois do Adeus”, que sinalizou o início do preparo das operações do Movimento das Forças Armadas (MFA).

Na madrugada do dia 25 de abril, aos 25 minutos, a transmissão pela rádio da música “Grândola Vila Morena”, então censurada, foi a senha utilizada pelo MFA para informar que as ações militares seriam levadas adiante, sublevando os quartéis. Essa música virou o hino da revolução.

Aquele foi o momento em que os portugueses viram a oportunidade de o país voltar a uma democracia. Mas assim também suas colônias…

As consequências dessa crise tiveram dimensão internacional.

Havia, então, o desgaste de Portugal, pois era difícil justificar a guerra colonial, principalmente em Angola e em Moçambique.

Portanto, foram naturais as independências, em sequência, das colônias portuguesas na África:

·   Guiné-Bissau, em 9 de setembro de 1974;

·   Moçambique, em 25 de junho de 1975;

·   Cabo-Verde, em 5 de julho de 1975;

·   São Tomé e Príncipe, em 12 de julho de 1975;

·   Angola, em 11 de novembro de 1975.

Em 27 de junho de 1975, houve eleição presidencial vencida por Ramalho Eanes e tendo Mário Soares como primeiro-ministro.

Portugal, então, inicia o processo que o levaria à entrada para a Comunidade Econômica Europeia.

Por que o nome Revolução dos Cravos?

Esse nome se deve ao fato de, em 1974, a população, no dia 25 de abril, ao sair nas ruas para comemorar a liberdade política, distribuiu cravos para os soldados e estes as puseram nos canos dos seus fuzis.

Assim, esta flor ficou como símbolo e nome da revolução que libertou os portugueses da ditadura.

Dia 25 de abril é feriado em Portugal e a data recebe o nome de “Dia da Liberdade”.

Um belo símbolo!

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