Cunha Couto

Gestor de Crises

Novo papel dos militares americanos

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Em um movimento controverso, o secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, convocou uma reunião surpresa em Quantico, reunindo cerca de 800 generais e almirantes. Ex-capitão da 101ª Divisão Aerotransportada e integrante da Guarda Nacional, Hegseth anunciou que altos oficiais que não cumprirem novos padrões físicos poderão ser afastados. A medida inclui, ainda, cortes de até 20% na cúpula militar e a redução do número de generais de quatro estrelas, em uma reestruturação ampla do Departamento de Defesa.

O discurso, que associou o excesso de peso de oficiais aos fracassos no Afeganistão e no Iraque, foi recebido em silêncio, mas gerou desconforto. Ao pregar a volta a padrões rígidos da Segunda Guerra, Hegseth sinalizou também restrições ao papel das mulheres nas Forças Armadas. Além disso, determinou que as forças priorizem ações de repressão ao “inimigo interno” em cidades como Nova York, Los Angeles, Chicago e São Francisco – todas governadas por democratas.

Na presença de Trump, essas decisões revelam não apenas uma disputa sobre disciplina e preparo físico, mas também uma tentativa de redefinir o papel das Forças Armadas no cenário interno americano. Ao transformar militares em instrumento de polarização política, o governo arrisca corroer a tradição democrática que sempre procurou manter clara a separação entre defesa nacional e disputas partidárias. Se esse caminho avançar, os EUA podem ver suas Forças Armadas convertidas de guardiãs da segurança externa em ferramenta de poder interno – um risco perigoso para a democracia.

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