Cunha Couto

Gestor de Crises

Militares da ativa não devem ser levados para a política

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Uma pesquisa realizada pela Fundação Reagan sobre esse tema fez-me lembrar de nossos estudos sobre Carl von Clausewitz, militar prussiano especialista em estratégias e autor do mais famoso tratado sobre a guerra no Ocidente: “Da Guerra”, publicado em 1832. Clausewitz é conhecido por uma definição de guerra que foi amplamente difundida, mas pouco compreendida por alguns: “a guerra é a continuação da política por outros meios”.

Pode parecer que a diferença está apenas nos meios usados, mas “continuar a política por outros meios” é o que há de mais complexo na compreensão do que seja a guerra. Outra descrição no mesmo livro — “a guerra é, pois, um ato de violência destinado a forçar o adversário a submeter-se à nossa vontade” — leva alguns estudiosos a entenderem que, em uma guerra, em vez de subordinar o poder militar às decisões do poder político, os militares passariam a tomar decisões nesse nível mais alto, o que é um equívoco.

Contudo, isso parece justificar, em alguns países, que militares da ativa sejam arrastados para a política, o que, por vezes, acaba sendo prejudicial para a imagem das instituições militares nessas sociedades.

É o que revelam pesquisas recentes conduzidas pela Fundação Reagan, que indicam que o respeito dos americanos por seus militares está em queda: menos da metade dos entrevistados tem muita confiança nas Forças Armadas americanas, o que compromete o vínculo entre os militares e o público que eles servem.

Tão preocupante quanto esse resultado é a razão: 62% dos entrevistados disseram estar perdendo confiança devido à liderança militar estar se tornando excessivamente politizada. Apenas 35% expressaram confiança na capacidade dos militares de agir de forma profissional e apolítica.

A pesquisa conclui que, se os EUA quiserem manter Forças Armadas que recrutem de todas as partes da cidadania, é necessário corrigir essa percepção pública e manter os militares afastados das disputas políticas partidárias.

Interessante nesta pesquisa é como os próprios militares americanos se veem: acreditam ser um modelo de profissionalismo apartidário.

Para concluir, a pesquisa sugere que:

  • Os líderes militares americanos devem se ater às funções principais da profissão e adotar a frase “essa é uma pergunta mais apropriada para o Secretário de Defesa”.
  • Os políticos devem evitar usar os uniformes militares como escudo ao promulgarem políticas impopulares.
  • Politizar as Forças Armadas as torna mais fracas — não mais fortes.

A lição que se extrai dessa análise é clara: a integridade e a confiança na instituição militar dependem de sua neutralidade.

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