Cunha Couto

Gestor de Crises

Liberdade Acadêmica

Design sem nome (10)

O tema da liberdade de expressão tem sido amplamente discutido pelas populações, especialmente quando relacionado ao uso da internet ou às manifestações políticas.

O mesmo, no entanto, não ocorre com relação à liberdade acadêmica, um princípio internacional que assegura a liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber, garantindo assim o pluralismo de ideias, especialmente no ambiente universitário.

Eis que, dos Estados Unidos, nos vem uma ameaça a essa liberdade.

Com esse conceito em mente, compreendi melhor o artigo de Jamil Chade, “Trump usa genocídio em Gaza para matar liberdade de expressão nos EUA”, segundo o qual Trump tem acusado de antissemitismo os protestos contra a limpeza étnica em curso na Faixa de Gaza, usando esse argumento para cassar vistos estudantis e cortar financiamentos de universidades.

Nesse contexto, a Universidade de Harvard, a mais antiga e rica dos Estados Unidos, recusou-se a atender às demandas do governo, que desejava controlar quem a instituição contrata e o conteúdo ministrado em cada departamento, além de exigir o encerramento de programas de diversidade e o fim da tolerância a críticas ao governo Netanyahu por parte de alunos e professores.

Em reportagem ao New York Times, Trump ameaçou com algo como: “E se nunca mais pagarmos Harvard?”, e seu governo passou a exigir da instituição: o compartilhamento de todos os dados de contratação e a submissão a auditorias; o fornecimento de dados de admissão dos alunos — inclusive dos rejeitados — classificados por raça, nacionalidade, notas e desempenho em testes; o encerramento de qualquer programa de diversidade, equidade e inclusão; e a reformulação dos programas acadêmicos que, segundo o governo, têm “registros de antissemitismo”.

Harvard respondeu com uma carta: “Nenhum governo — independentemente do partido no poder — deve ditar o que as universidades privadas podem ensinar, quem podem admitir e contratar, e quais áreas de estudo e pesquisa podem seguir.”

Harvard não se curvou, apesar da ameaça de corte de nove bilhões de dólares em verbas orçamentárias.

Um belo exemplo.

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