Cunha Couto

Gestor de Crises

Indústria bélica continua em alta

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Início citando Mia Couto: “…as armas têm medo de faltarem guerras.”
Não resta dúvida: o mundo está aumentando seus gastos militares.

Qual o motivo? Há empresas e países que lucram significativamente com a venda de armamentos e munições para nações envolvidas direta ou indiretamente em conflitos e tensões, que se espalham por praticamente todas as regiões do mundo. Isso incentiva esses países a intensificarem os gastos com defesa.

O resultado é refletido nos números divulgados pelo Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (SIPRI, em inglês) sobre os gastos militares em 2023.

Segundo o SIPRI, os investimentos em defesa subiram para US$ 2,4 trilhões, representando 2,3% do PIB mundial em 2023.

Os Estados Unidos, em especial, reforçaram seu papel global como fornecedores de armas – um aspecto importante de sua política externa – aumentando as exportações para diversos países.

A Rússia, em meio ao conflito com a Ucrânia, gastou, em 2023, 5,9% do seu PIB em defesa. Do outro lado, a Ucrânia se tornou o quarto maior importador de armas do mundo.

Israel também ampliou seus gastos com equipamentos militares devido às tensões com países do Oriente Médio.

Porém, em 2023, a maior parte das transferências de armas foi direcionada à Ásia, com a Índia consolidando-se como o maior importador de armas do mundo, tendo a Rússia como seu principal fornecedor.

Em contrapartida, as importações de armas pela China diminuíram, resultado da substituição de equipamentos importados por aqueles produzidos localmente.

Os países da América Latina tiveram pouca expressão no comércio de armas.

Outra forma de avaliar o crescimento da indústria bélica é pelos resultados das 100 maiores empresas vendedoras de armas e serviços militares. Esse setor cresceu 4,2% em 2023, faturando US$ 632 bilhões. Pela primeira vez, todas as companhias da lista tiveram uma receita superior a US$ 1 bilhão cada.

Curiosamente, o crescimento dessas empresas ocorreu apesar dos problemas na cadeia de fornecimento causados pela pandemia.

O relatório do SIPRI, divulgado em 2 de dezembro, informa que seis dos 100 maiores fabricantes de armas estão sediados no Oriente Médio, com uma receita de US$ 19,6 bilhões, sendo US$ 13,6 bilhões gerados por três empresas localizadas em Israel.

As 41 principais empresas sediadas nos EUA alcançaram uma receita de US$ 317 bilhões, ou seja, metade do faturamento total das cem maiores.

Portanto, há um aumento global nos investimentos militares, impulsionado por conflitos regionais e tensões geopolíticas. A tendência é que esse aumento continue em 2024.

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