Cunha Couto

Gestor de Crises

Fake News matam!

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O que é crime no mundo real precisa ser crime no mundo virtual.

Recebi uma mensagem do Dr. Augusto Cruz, que também se dedica ao Gerenciamento de Crises, alertando-me sobre o alcance trágico das crises que podem se concretizar a partir de desinformações nas redes sociais.

Concretamente, referia-se a um vídeo do blog Choquei, que o impactou e a muitos.

Augusto relatou que nesse blog, seus administradores forjaram uma conversa de WhatsApp do influenciador Whindersson Nunes com uma jovem de Araguari-MG, inventando um suposto caso entre os dois. Com isso, a jovem não suportou a exposição e cometeu suicídio, algo que está se tornando mais frequente do que se imaginava.

Augusto Cruz também se disse impressionado com o esquema que há por trás das falsas notícias. De forma muitas vezes grosseira, os operadores de desinformação parecem ter consciência e se valem de um mau uso da comunicação para, via postagens em redes sociais, decidirem o futuro e o que vai acontecer com as pessoas e, até mesmo, com instituições.

Estima-se que hoje, juntando maus e bons, blogueiros são vistos por metade da população brasileira e, assim, há milhões de brasileiros consumindo o conteúdo deles.

Portanto, o risco dessa crise está no poder da desinformação de influenciar qualquer área de conhecimento ou atividade.

Recorde-se que o surgimento das redes sociais visou acabar com os intermediários que criavam versões nos textos enviados entre pessoas. Isso não aconteceu porque as redes são controladas por poucas empresas que dispõem de programações algorítmicas, influenciadoras das discussões nas redes digitais e, pior, muitas vezes a serviço de interesses.

A autorregulação por essas empresas (todas privadas), que seria o desejável, não acontece, facilitando o mau uso das redes e prejudicando a recepção coletiva da informação original, que acaba sendo veiculada de forma distorcida.

Foi assim que as redes sociais assumiram um papel central nas eleições em muitos países, facilitando a divulgação de desinformações e levando a polarizações a ponto de alterar o comportamento de apoiadores de um lado e do outro espectro político.

Nesses casos, textos ilícitos se escondem sob o manto da liberdade de expressão e ganham fluidez entre as redes.

O desafio, portanto, está posto: como combater a desinformação sem ferir a liberdade de expressão?

Em entrevista para o UOL, em 29/12/2023, Volker Türk – alto comissário da ONU para Direitos Humanos – assim se expressou: a disseminação de desinformação é um fenômeno presente em várias partes do mundo. Cria-se uma neblina na mente das pessoas com fake news e com lavagem cerebral, e essas pessoas acreditam em coisas que não são fatos. Precisamos que a mentira seja algo errado de novo.

Sem dúvida, desinformação é um tema complicado, mas alcançar a manutenção da correta liberdade de expressão e a correspondente responsabilidade pelas plataformas digitais são metas positivas para os usuários das redes sociais e, mais ainda, para o nosso país.

Concluindo, as plataformas precisam ser regulamentadas para que crimes cometidos no digital sejam julgados como crimes no mundo real.

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