Uma vez ganha a eleição para Presidente, o próximo passo é atentar para como será a governabilidade com as muitas crises que estão sendo apontadas adiante.
Em outros termos, como pensar de que forma serão geridos os negócios públicos, arbitrar os conflitos e atender as demandas da sociedade, desde a transição do governo atual até a posse do novo em 1º de janeiro?
É um período crítico em que a questão da governabilidade transcende as questões derivadas da contenda eleitoral.
Com a vitória de Lula, é plausível o Congresso Nacional entrar em compasso de espera este ano, reduzindo a chance de aprovação de projetos críticos para o atual governo, mas também daqueles projetos que irão forjar o novo governo. Um exemplo é a necessária revisão do orçamento para 2023 de forma a torná-lo mais afeito às propostas ganhadoras.
Depois disso, a partir de 2023, com a predominância de parlamentares de centro-direita, mais conservadores, Lula terá de engendrar grandes negociações para assegurar a governabilidade.
Em seu primeiro discurso depois de eleito, Lula admitiu as dificuldades de assumir o governo de um país dividido.
A ajuda do povo nessa crise é fundamental, mas assim também o é obter a harmonia entre os três Poderes.
Por outro lado, um caminho para reduzir o impacto pode ser, como é usual, por meio da abertura de espaço no governo, inclusive com a indicação de ministros oriundos da Câmara e do Senado ou de lideranças dos partidos.
Após a consolidação dessa etapa, materializando, com o apoio do Centrão, a ampla coalizão partidária, as condições devem voltar a uma condição favorável para a aprovação de projetos importantes para o governo.
Há que haver esforço para a economia seguir com tendência positiva, apesar da turbulência política e seus reflexos na Bolsa de Valores e no dólar, com a inflação reduzindo, a política monetária em linha com as expectativas do mercado e a taxa de desemprego recuando até fim do ano, com aumento da massa salarial.
As crises só serão resolvidas com a pacificação do país e com o respeito às instituições, deixando de lado a toxidade e a polarização até aqui presentes nos discursos nacionais.