Cunha Couto

Gestor de Crises

Ditadura: crise!

CCBlog195

As recentes eleições na Venezuela tiveram manifestações que foram convocadas pela oposição ao governo de Maduro, que afirma ter provas de que teria vencido as eleições no domingo. Em resposta, há sérios confrontos com a polícia e comentários sobre se estaríamos com o país vizinho sob um regime totalitário.

Ato contínuo, a Venezuela expulsou diplomatas de sete países latino-americanos após a eleição, entre eles Argentina, Chile, Peru e Uruguai, acrescentando uma dimensão diplomática à crise.

Todo esse quadro nos remete a pensar nas crises que advêm de uma ditadura, seja de direita, seja de esquerda.

À época dos romanos havia a previsão legal de um ditador em situações de calamidade, como guerras ou epidemias, atribuindo-lhe poderes excepcionais, temporários.

O tempo passou e os riscos das ditaduras, nos dias de hoje, vão desde a supressão da sua temporalidade à repressão das liberdades, com polícias secretas e controle da mídia.

Destaco a importância do controle das informações nesse regime de exceção.

Exemplificando, aqui no Brasil, em consequência dos movimentos tenentistas (1922 – os 18 do Forte de Copacabana; 1924 – revolta paulista; e 1925 – Coluna Prestes), o presidente Washington Luís (1926-1930) criou um órgão de inteligência para a defesa do Estado: o Conselho de Defesa Nacional.

A seguir, veio a Revolução de 1930, facilitando a imposição do ditador Getúlio Vargas, com sua polícia política (chefiada por Filinto Müller), para lhe manter informado de toda e qualquer conspiração contra seu regime, para o que era permitido vitimar suspeitos.

É nesse controle das informações que reside, portanto, um dos maiores riscos para a democracia, uma vez que os fatos (informações sem a emoção) são ignorados, abrindo espaço para opiniões, sem o lastro das informações, serem difundidas.

E tudo isso é facilitado pelas atuais redes sociais, em que, de forma massiva, repetições de desinformações são facilmente entendidas por realidades.

Portanto, celebrar ditaduras arranha os nossos conceitos éticos. Fujamos do “eleições com mais de um candidato sempre dão problema”. Um ditador é um ditador! Ditaduras, sempre, são arbitrárias!

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