Cunha Couto

Gestor de Crises

Disputa no Ártico

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Faz-se necessário entender como a crescente tensão entre Rússia, EUA e China se projeta no Ártico.

Por que Trump quer a Groenlândia?

A questão da segurança nessa região remonta à Guerra Fria e às ameaças de uso de mísseis balísticos intercontinentais, armados com ogivas nucleares, aproveitando a rota mais curta entre a Rússia e os EUA sobre o Círculo Ártico.

O Ártico abrange não apenas o gelo mais setentrional do globo, mas também se estende por vários países que são membros do Conselho do Ártico, criado para cooperar e coordenar questões comerciais e ambientais, mas que não lida com questões de segurança, a não ser as de busca e salvamento.

Durante o verão, o gelo derrete e torna a rota marítima navegável, favorecendo o comércio e a presença militar naval.

Contudo, além de importante para a navegação, o Ártico possui grandes reservas de petróleo e gás natural, que justificam uma grande disputa política, diplomática e militar nessa região.

É importante lembrar que os Estados Unidos têm duas bases militares no Alasca e uma base aérea na Groenlândia.

Agora, Trump declarou seu desejo (antigo) de obter a Groenlândia para expansão territorial dos EUA, aumentando a presença no Ártico e colocando o país em mais uma frente contra a China, que vem demonstrando crescentes interesses no Polo Norte.

Prova disso é que, em 2018, a China publicou o Livro Branco do Ártico, autodenominando-se um “Estado próximo ao Ártico” e, assim, membro observador do Conselho do Ártico. O documento destaca também a criação da Rota da Seda Polar em parceria com a Rússia.

O aquecimento global também deve ter sido considerado por Trump (apesar de o desconsiderar), uma vez que o derretimento das calotas polares garante novas rotas marítimas, importantes em caso de bloqueio do Canal do Panamá.

Tudo isso coloca a Groenlândia (Dinamarca) entre as três principais potências globais.

Portanto, a anexação da Groenlândia por Trump não está ligada somente ao Ártico, mas envolve fatores geopolíticos relacionados à China e à Rússia.

Nas próximas décadas, o gelo provavelmente continuará a derreter e, assim, podemos prever mais crises nas explorações comerciais, políticas e militares nessas águas geladas.

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