Essa foi uma crise resolvida em 1º de dezembro de 1900, quando o presidente da Suíça, Walter Hauser, na condição de árbitro internacional, deu ganho de causa ao Brasil na disputa pela fronteira entre o Amapá e a Guiana Francesa.
O êxito da negociação, pelo lado brasileiro, coube ao Barão do Rio Branco e, como resultado, o Brasil incorporou 260 mil km² ao seu território.
A disputa remonta ao Tratado de Utrecht, de 1713, que delimitava as áreas da França e de Portugal e que citava, no artigo 8º: “que a navegação do Amazonas, assim como as duas margens do rio, pertencerá a Portugal, e que o rio Japoc (ou Vincent Pinson) servirá de limite às duas colônias.” O rio Japoc é identificado pelos portugueses e brasileiros como o Oiapoque, e pelos franceses como o Araguari.
Portugal (e, mais tarde, o Brasil) argumentava que toda a área da bacia norte do rio Oiapoque lhe pertencia, enquanto os franceses reivindicavam o interior do território.
O Brasil chegou a propor, em 1856, dividir o território disputado tomando como limite o rio Calçoene, mas a França recusou essa partilha, reivindicando seus direitos sobre o rio Araguari.
Como resultado, a arbitragem tornou-se essencial para resolver uma disputa que remontava a quase duzentos anos.
Como é comum em toda questão fronteiriça, os anos se passam e, em algum momento, surgem novas reivindicações territoriais. É o que acontece hoje, com irredentistas guianenses reivindicando o “Estado Livre de Cunani”, que até tem sua própria bandeira. Essa aspiração baseia-se em teorias sobre uma identidade étnica e uma posse histórica precedente.