Cunha Couto

Gestor de Crises

Descumprir ordem

Design sem nome (17)

Há histórias que desafiam nossa compreensão sobre o limite entre dever e consciência. Uma delas, contada como fato ou como lenda, ocorreu na Tailândia do século XVIII. Existia uma norma rígida segundo a qual nenhum súdito poderia tocar em um membro da família real – a pena era a morte.

Certa vez, duas princesas viajavam de barco entre palácios quando uma tempestade provocou o naufrágio da embarcação. As jovens começaram a se afogar, e os marinheiros, que poderiam salvá-las, hesitaram. Para fazê-lo, teriam de desobedecer à lei e aceitar a própria execução. Nenhum deles ousou agir. As princesas morreram, vítimas não apenas das águas, mas da obediência cega a uma ordem sem exceções.

O episódio, real ou lendário, ilustra o conflito entre a letra e o espírito da lei. Há momentos em que a justiça exige mais do que obediência – exige discernimento moral. Cumprir uma ordem injusta ou irracional pode ser, em si, a mais grave forma de descumprimento ético. “Dura lex, sed lex”, diz o provérbio, mas é preciso lembrar: a lei deve servir à vida, não condená-la.

Facebook
Twitter
LinkedIn
Pinterest

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *