Cunha Couto

Gestor de Crises

Crises não são só negativas

CCBlog196

Todos percebemos que o termo “crise” vem sofrendo um processo de banalização. Raro é o noticiário que não utilize essa palavra pelo menos uma vez em sua edição.

No campo linguístico, foi difundido pelas consultorias sobre gerenciamento de crises que, em diversos idiomas orientais, não havia uma distinção clara entre os conceitos de “crise” e “oportunidade”. Isso porque se dizia que, no idioma chinês, o mesmo ideograma representava as duas ideias e o tradutor para um idioma ocidental escolheria o significado que lhe parecesse mais apropriado.

Coube a Sérgio Rodrigo, em junho de 2011, em sua coluna, nos mostrar que esse mito de que o termo chinês weiji, que significa “crise”, seria um ideograma formado pela junção de dois outros: o negativo wei (perigo) e o ji (oportunidade) não era bem assim. Na verdade, a palavra ji significa “momento crucial”, o que igualmente se faz presente em uma crise.

Por essa dualidade, creditaríamos o sucesso ou não de um gerenciamento de crise à forma como o weiji era administrado.

Portanto, embora efetivamente busquemos oportunidade em toda crise, só não é verdade que esse conceito tenha origem nessa palavra chinesa. De qualquer forma, com as nossas experiências havidas gerenciando crises, há, sim, uma lição prática a observar: a “crise” não deve ser vista como algo apenas negativo. Todo momento de crise traz embutido nele também algo positivo – uma oportunidade, seja de crescer, de rever conceitos e métodos, de não repetir erros, de se valer de lições aprendidas com a crise, de mudar pequenos aspectos… até o mundo. Na gestão de crises, este lado “positivo” do fenômeno, muitas vezes, é o que melhor resultará da crise.

Ou seja, na crise, tire o s da palavra e crie a solução, pois sempre há como abrir caminhos, portas, janelas, mentes e corações!

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