A “névoa de incertezas” é uma expressão cunhada por Carl Von Clausewitz para exemplificar a soma das incertezas no campo de batalha. Um bom Gestor de Crises sabe que essa “névoa de incertezas” também é gerada pelo caos e perplexidade de uma crise e, por isso, não deve ser deixada de lado.
Devido a esta névoa de incertezas, aqueles que são atingidos pela crise começam uma pesquisa sobre como se livrar dela, querem saber quais ações e decisões foram tomadas e quais serão as consequências trazidas pela crise que se instaurou.
Ao fazer essa busca, encontram-se diversos artigos e muitas vezes pode ser difícil compreender quais deles são oriundos de fontes confiáveis ou não. Infelizmente, independente da checagem da veracidade dessas informações, elas são rapidamente compartilhadas, para um grande número de pessoas e em poucos momentos, o Gestor de Crise pode se encontrar em meio a um imenso oceano de informações que devem ser analisadas e corrigidas.
As notícias falsas, “fake news”, podem atrasar ou até mesmo impedir a solução de uma crise que se instale na sua organização. Por isso, a rapidez e eficácia na resposta à crise é importante, assim como é importante saber o que fazer e comunicar o que será feito com clareza e transparência.
Tomemos como exemplo a crise ambiental no Rio Grande do Sul.
Em poucos dias o país inteiro ficou perplexo com o caos gerado pelas enchentes nesse estado e, na mesma velocidade, diversas notícias falsas e verdadeiras foram compartilhadas online, em aplicativos de conversa e nas redes sociais.
Rapidamente já contávamos com diversas notícias duvidosas e informações difusas que contribuíram para a desinformação sobre a real situação dos gaúchos e colocavam em xeque os tomadores de decisão.
A Agência Lupa, reconhecida por ser uma agência de notícias especializada em apuração jornalística, o fact-checking, tem uma chamada em sua página principal “Veja o que já checamos sobre o RS”. Ao acessar este link o usuário tem acesso à pelo menos 24 artigos de checagem de fatos sobre a crise no RS.
Alguns deles:
- É falso que água que chega às torneiras no RS esteja imprópria para consumo (10/05/2024)
- É falso que Starlink é a única rede de internet disponível para auxiliar resgates no RS (6/5/2024)
- Caminhões com doações não estão sendo retidos em postos fiscais do RS (5/5/2024)
- Foto de Eduardo Leite em show de Ivete Sangalo, enquanto RS sofria com enchentes, é de 2023 (4/5/2024)
Notem como essas notícias podem ser desastrosas na gestão de uma crise se tomadas como verdade pela população. Algumas delas podem fazer com que os próprios atingidos pela crise se coloquem em situações de risco, outras falam sobre o tomador de decisão, visando minar sua reputação.
Em situações como essa, a necessidade por uma comunicação clara, rápida e eficaz se torna evidente. Além da necessidade de sermos capazes de entender a crise em toda sua complexidade, há também que se saber qual a maneira correta de transmitir o que se entende da crise, o que será feito e como a solução será aplicada, de uma maneira que seja compreensível por todos aqueles que são impactados por ela. Afinal, comunicação não é o que você diz, mas sim o que os outros entendem.
