Foi uma semana de ataques em contextos tais que nos levam a pensar em escalada da violência política.
Do outro lado do mundo, o ex-Primeiro-Ministro japonês Shinzo Abe, em ato de campanha no Sul do Japão, foi assassinado no dia 08 de julho, chocando um país em que a violência política é rara e armas são controladas, o que não impediu de o assassino construir a sua arma de forma caseira.
Aqui, no Paraná, um agente penitenciário invadiu uma festa e matou na noite de sábado (09/07/2022) o aniversariante – um guarda municipal; ao que tudo indica, por divergências políticas polarizadas.
Ambas as situações ganharam, naturalmente, espaço na mídia, pois os casos extrapolam o Direito Penal e nos conduzem às responsabilidades das autoridades e das lideranças que, por inação ou por omissão, permitiram que intolerâncias políticas fossem as causas de tais crimes.
E esse clima de oposição irracional, esse ambiente de agressividade vem sendo propalado também nos grupos das redes sociais.
Como muitos, integro alguns grupos que, em seus nascedouros, foram criados para exaltar e dar continuidade a boas relações vivenciadas que justificavam e ainda motivam essa união e encontros, agora nos valendo da tecnologia de redes sociais.
São grupos de turmas de formação, de trabalho, de compartilhamento de conhecimentos, de familiares, de afinidades, enfim.
Eis que, há tempo, esses grupos foram angariando ódios, divisões no pensar sobre etnias, religiões, ideologias, entre esquerda e direita, quase sempre com seus conceitos não tão bem conhecidos.
Tudo isso incita violências em diversas formas, de escritas a filmetes.
É uma situação de crise coletiva grave. Onde encontrarmos ações preventivas? Vejo o caminho inicial ao não respondermos na mesma moeda. Pode ser difícil, mas é como poderemos vir a ser ouvidos e, principalmente, a conseguir um diálogo que respeite os fatos, os argumentos, as percepções diferentes ou opostas às nossas.
Nesse sentido, é preciso que nos conscientizemos que as realidades são mais complexas do que aquilo que cada um de nós considera verdadeiro, e que, portanto, nada justifica nos valermos de tons agressivos ou de desqualificações aos opositores.
Quem sabe se, a partir de pacificação nos grupos de redes sociais, conseguiremos reduzir a intolerância e praticar uma democracia, mesmo polarizada, sadia?