Logo ao início da invasão da Ucrânia, Vladimir Putin exaltou o arsenal atômico da Rússia e ameaçou países que se sentissem tentados a interferir com consequências “que vocês jamais viram em toda sua história”, alertando para a possibilidade de um ataque nuclear.
Em resposta, a OTAN colocou que a melhor defesa contra um agressor com armas nucleares é ter o próprio armamento atômico.
Recordemos que, em 1994, a Ucrânia entregou as armas atômicas soviéticas que mantinha em seu território em troca de compromissos de Rússia, EUA e Reino Unido de que não seria atacada. Não foi o que aconteceu em 2014 ao a Rússia tomar a Crimeia e os americanos e os britânicos nada fazerem.
Fato é que a ameaça nuclear já vinha crescendo, com a expansão e modernização da força nuclear da China, o aumento do arsenal nuclear do Paquistão e a aquisição dessas armas pela Coreia do Norte.
Mais recentemente, informações levam a se acreditar que o Irã já chegou à quantidade de urânio enriquecido para fabricar sua primeira bomba.
Com tudo isso acontecendo, nos questionamos se o conjunto de tratados criados após o fim da Segunda Guerra Mundial para conter as ameaças de armas nucleares perderam seus efeitos.
Exemplo disso, apesar do pacto Novo Start limitar mísseis balísticos intercontinentais da Rússia e dos EUA até 2026, o acordo não cobre armas como torpedos atômicos.
De positivo, entretanto, há a Campanha Internacional para a Abolição de Armas Nucleares (ICAN, na sigla em inglês) e o Tratado de Proibição de Armas Nucleares (TPAN), que entrou em vigor em janeiro de 2021. Até agora, foi assinado por 86 países, dos quais 62 já o ratificaram.
O TPAN reitera e reforça os compromissos do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP), estabelece medidas de cunho humanitário e oferece um caminho para a eliminação daquelas armas de forma ordenada, segura e verificável.
É importante prosseguir com esses controles, pois é uma pena que as memórias de Hiroshima e Nagasaki desvaneçam…