Não por acaso, os sinais de crises globais, como as econômicas, energéticas ou alimentares, dentre outras, vêm, neste 2022, sendo foco de muitas análises.
O que fazer?
Organismos internacionais, como as Nações Unidas, Banco Mundial, FMI, bancos de desenvolvimento regionais e outras instituições perderam seu protagonismo e sua força de articulação?
Esses organismos, criados após a Segunda Guerra Mundial, difundiram que o bom funcionamento da economia mundial contribui para a paz entre as nações, ao permitir o comércio entre países, transferência de tecnologia e cooperação na solução de problemas globais.
Efetivamente, isso permitiu a reconstrução da Alemanha e do Japão, bem como os “milagres” dos “tigres asiáticos”.
Ocorre que a realidade em 2022 é bem diferente de 1945, e o conflito entre Rússia e Ucrânia veio confirmar que mudanças estão acontecendo.
Por um lado, vimos a resolução da ONU reduzindo a complexidade da crise atual a um problema das minorias russas e, por outro, a expansão da OTAN para o Leste Europeu.
A principal mudança, entretanto, parece ser a não aceitação de um mundo multipolarizado, proposta que vem aproximando Putin de Xi Jinping. A solução para aquecimento global, pobreza, desigualdade, fome, conflitos regionais, epidemias e imigração viria via cooperação.
A resistência à multipolarização parece ser militar, política e econômica, pois colocaria um fim a décadas de decisões unipolares norte-americanas.
O conflito Rússia-Ucrânia veio, também, deixar claras as diferenças entre as visões do mundo ocidental e as do restante do mundo.
Além dos custos enormes aos ucranianos, o conflito com a Rússia vem causando, em enorme escala, desemprego, inflação e aumento de pobreza ao resto do mundo.
A solução, portanto, passa por reconhecer que é único o mundo no qual vivemos, e que a resolução dos problemas mundiais requer cooperação.
É claro que essa convergência em direção à cooperação mundial é difícil, mas deve ser buscada, valendo-se de uma disposição natural e inicial, em muitos temas, para cooperações bilaterais e também no âmbito de algumas instituições multilaterais, mas reconhecendo que há tensão diplomática no ar, depois da invasão russa na Ucrânia.
A lição única a tirar dessa crise é que a solução para os problemas globais requer cooperação internacional.