Em meio a tantas idas e vindas sobre um cessar-fogo nos confrontos entre Israel e Hamas na Faixa de Gaza, julgo interessante recordar como, há 50 anos, Israel e Síria assinaram um acordo de cessar-fogo para as Colinas de Golã. O acordo deixou a maior parte da região sob o controle israelense.
Um breve contexto histórico
A Síria conquistou a independência da França em 1946. Pouco depois, em 1948, forças sírias participaram da guerra entre os árabes e o recém-criado Estado de Israel. Acordos de armistício só foram assinados em 1949, com uma fronteira provisória entre a Síria e Israel delineada com base na fronteira internacional de 1923.
Novos confrontos em 1951 resultaram na oposição síria a um projeto de drenagem israelense na zona desmilitarizada, e só cessaram após intervenção do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Em junho de 1967, na Guerra dos Seis Dias, depois de lutar contra a Síria, a Jordânia e o Egito, Israel incorporou toda a extensão das Colinas de Golã. A linha de cessar-fogo resultante (apelidada de “Linha Roxa”), supervisionada por uma série de postos de observação das Nações Unidas, tornou-se a nova fronteira entre Israel e Síria.
Eis que, em 1973, em um ataque surpresa, os sírios atravessaram a Linha Roxa até as Colinas de Golã durante o que ficou conhecido como Guerra do Yom Kippur. Depois de vários dias de lutas, Israel conquistou mais território dentro da Síria, além da Linha Roxa. Nas negociações de cessar-fogo, em 31/5/1974, Israel e Síria concordaram em retirar suas respectivas forças nas Colinas de Golã para a Linha Roxa. Nesse mesmo dia, foi criada uma zona tampão das Nações Unidas.
Portanto, essa “Linha Roxa” serviu de referência para o cessar-fogo entre Israel e a Síria em 1967 e em 1974, e até hoje é a fronteira de fato entre os dois países.
Diante dessas experiências, o que esperar de um cessar-fogo na Faixa de Gaza, em 2024?
