Já faz um ano que o ataque do Hamas deixou 1.200 israelenses mortos e 250 sequestrados, sendo que 101 ainda continuam em Gaza. Foi um ataque armado contra civis, apanhados de surpresa e sem condições de reação. É verdade que essas ações precisam continuar sendo repudiadas, mas também as ofensivas de Israel na Faixa de Gaza, que já mataram mais de 40.000 palestinos e deslocaram quase dois milhões de suas casas. Ambas são ações terríveis para a humanidade, e protestos pró-Palestina e pró-Israel em vários países marcaram um ano de violência em Gaza, período em que propostas de cessar-fogo se sucederam e foram recusadas, apesar das negociações de EUA, Egito e Catar como mediadores.
Comemorando a data, neste 7/10/24, o Hamas lançou centenas de foguetes de dentro de Gaza, o que bem demonstra como é difícil uma operação militar em área urbana e que, apesar de toda a destruição, ainda tem capacidade de combate.
Para o Hamas, a ação há um ano foi necessária para colocar a questão palestina de volta na pauta de discussões internacionais, alcançando protestos pró-Palestina em vários países.
Do lado de Israel, vimos Netanyahu pretender voltar a ser o “senhor das guerras” e, assim, ganhar tempo contra as acusações que lhe são feitas sobre corrupção.
O fato é que, nesses doze meses, milhares de judeus retornaram a Israel, em demonstração da interligação entre vida civil e serviço militar no país. Com seu poder militar, Netanyahu destruiu Gaza inteira e milhares de palestinos morreram, mas isso não foi suficiente e ele resolveu escalar a guerra, estendendo-a contra o Hezbollah (o que arrastou o Líbano) e atraindo o Irã para o conflito, transformando a situação em um problema até para as eleições nos EUA, pois como agradar eleitores muçulmanos, palestinos e judeus ao mesmo tempo?
O cenário atual é temerário: com um cessar-fogo geral cada vez mais distante, o conflito foi se desdobrando até chegar à guerra regional de hoje, com um perigoso confronto de narrativas entre o premiê israelense Netanyahu e o aiatolá Ali Khamenei.
Os objetivos de cada contendente inviabilizam qualquer acordo: sem se importarem com quantos civis venham a morrer, o Hamas quer destruir o Estado judeu e Israel quer matar até o último integrante do Hamas.
O pior é que a solução para essa guerra pareceria fácil: dois Estados para dois povos.
O fato é que a guerra, tristemente, vem deixando muitos traumas para as populações de ambos os lados.
A lição, como sempre, é que apenas uma alternativa militar não funciona numa guerra.