Cunha Couto

Gestor de Crises

A realidade sempre surpreende

Design sem nome (18)

Em tempos de crise, o líder se depara com a dura tarefa de decidir diante de uma realidade que raramente corresponde ao que foi planejado. É quando os princípios éticos e morais, que deveriam servir como guias, muitas vezes entram em conflito com a necessidade de cumprir uma missão ou alcançar determinado objetivo. Nessas horas, o verdadeiro teste da liderança é conciliar valores com resultados, sem perder o sentido de responsabilidade e humanidade.

Diversas citações lembram que a realidade tende a escapar aos planos mais bem elaborados. “Nenhum planejamento sobrevive ao primeiro tiro”, sintetiza a conhecida Lei de Murphy, que ironiza o fato de que, na prática, as variáveis fogem ao controle. Diferentemente de um exercício teórico, em que o planejador pode ajustar as condições conforme sua conveniência, a situação concreta impõe riscos e exige decisões sob pressão, com consequências reais.

A frase “Na guerra, a primeira vítima é a verdade”, de Ésquilo, revela outro aspecto essencial: a distorção ética em momentos de confronto. Mentiras, omissões e manipulações são armas tão usadas quanto as de fogo. Já a famosa máxima atribuída a Maquiavel — “os fins justificam os meios” — tornou-se símbolo do pragmatismo sem ética, aquele que aceita o injusto e o ilegal como parte do jogo para alcançar o poder ou a vitória.

A realidade, de fato, sempre surpreende — mas é justamente nesse choque entre o previsto e o imprevisto que se mede o caráter de um líder. Em vez de ceder ao cinismo de que “tudo vale”, cabe à liderança reafirmar princípios, mesmo sob pressão.

Portanto, as crises não são apenas testes de competência, mas, sobretudo, de consciência. É nelas que se revela se o líder serve ao poder ou à verdade.

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